Será o sétimo índice ESG da Bolsa, que já trabalha com o ICO2 (Índice Carbono Eficiente); o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial); IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada); IGCT (Índice de Governança Corporativa Trade); IGC-NM (Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado); e o ITAG (Índice de Ações com Tag Along Diferenciado).
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Essa demanda exige que o mercado se organize ainda mais. O mundo ainda está em fase de alinhamento das métricas, medições de práticas e padrões de ESG, que variam muito de um local para outro, inclusive em termos de exigências de padronizações dos reguladores – como a brasileira CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a americana SEC e outras –, o que não cabe em um mercado globalizado.
A União Europeia, por exemplo, desenvolveu uma taxonomia (categorização) para definir o que é um investimento sustentável – empresas brasileiras que queiram fazer negócios ou ter acesso ao capital do bloco econômico terão de reportar suas atividades com os critérios técnicos europeus. Com isso, entre outros objetivos, o mercado busca uma forma de bloquear o greenwashing, o chamado banho verde, que é o reporte maquiado de supostas atividades ecoeficientes que não são comprováveis na prática.
“É uma agenda relativamente nova nos países emergentes, incluindo o Brasil, mas observamos que o avanço tem sido rápido, entretanto ainda é preciso focar de forma séria na questão das práticas, o famoso walk the talk”, afirma Marcelo Seraphim, diretor no Brasil da Principles for Responsible Investment (PRI), organização criada com apoio da ONU para elaborar princípios norteadores de investimentos sustentáveis.
Além de ser resiliente, espera-se que as empresas contribuam de fato para um mundo melhor. “Essa pauta fica cada vez mais inegligenciável, e o nível de detalhamento da discussão tende a subir”, avalia Illan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Estamos no novo mundo, e não existe espaço para as práticas lastimáveis do passado.”
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A ascensão do ESG fez crescer a procura por especialização. Empresas de renome criaram áreas específicas para o tema. É o caso da consultoria EY que, em maio, tornou-se verificadora aprovada pelo Climate Bonds Initiative (CBI) Standards and Certification Scheme e, assim, passa a auxiliar as empresas a obter a certificação emitida pela CBI. “As empresas que tenham a intenção de comunicar ao mercado que os investimentos que fazem possuem o título verde só poderão fazê-lo se tiverem, de fato, um selo que comprove seu compromisso com esse critério”, explica Leonardo Dutra, líder de consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil.
Who cares wins
O raciocínio é simples: empresas de qualidade tendem a ter melhores retornos no longo prazo. Assim sendo, o caminho lógico é que o mercado adote critérios ESG para avaliação das empresas em qualquer decisão de investimento. Como consequência, todos os setores terão de se adaptar. “ESG já permeia a decisão de fundos não só de ações como também de crédito. Aqui, no Santander, toda avaliação de crédito tem uma nota ESG”, comenta Raquel Vieira Diniz, do Santander Asset Management. O banco usa metodologia própria de análise e detém o mais antigo fundo sustentável do Brasil, o Ethical, lançado em 2001 pelo então Banco Real.
Naquela época, a discussão sobre sustentabilidade no mercado financeiro estava engatinhando no Brasil. A B3 tinha acabado de lançar, em 2000, o Novo Mercado, segmento que exige das companhias listadas o cumprimento de normas rigorosas de governança corporativa, adicionais às que são requisitadas pela legislação brasileira. “Em pouco tempo, o segmento se tornou referência no mercado. Em 2005, lançamos o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), o primeiro no Brasil e o quarto da categoria criado no mundo”, relembra Gilson Finkelsztain, CEO da B3, ressaltando que, “como companhia, atuamos de forma consistente em cada um dos pilares ESG e, como bolsa, queremos ser um parceiro importante, que ajude as empresas a percorrerem essa jornada, elevando seus indicadores e trazendo benefícios para consumidores, investidores e para a sociedade como um todo.”
Nos últimos 15 anos, sustentabilidade vem ganhando sofisticação no mercado financeiro. E lideranças como Larry Fink, CEO da BlackRock, têm demonstrado que a causa ambiental, principalmente a economia neutra em carbono, são os principais desafios, mas não os únicos. A pandemia de Covid-19 mostrou diversas vulnerabilidades. Como apontam os protestos contra o racismo e as manifestações pró-democracia, o S deverá ganhar maior evidência em todo o mundo.
Reportagem publicada na edição 87, lançada em maio de 2021.
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