Acordo inesperado entre EUA e China cria esperança em conversas climáticas da ONU

11 de novembro de 2021

Um acordo inesperado entre a China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, dá ímpeto à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) nos dois últimos dias de negociações duras para tentar impedir que o aquecimento global se torne catastrófico.

O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, e seu equivalente chinês, Xie Zhenhua, revelaram na noite de ontem os contornos do acordo, no qual a China, a maior produtora e consumidora de carvão, prometeu acelerar o descarte gradual do mais poluente dos combustíveis fósseis.

O pacto das duas potências mundiais, que estão divididas por uma série de disputas diplomáticas a respeito de outras questões, envia uma mensagem poderosa para as delegações da COP26, incluindo os produtores de combustíveis fósseis, a causa principal do aquecimento global provocado pela humanidade.

“Juntos, partimos para apoiar uma COP26 bem-sucedida, incluindo certos elementos que estimularão a ambição”, disse Kerry em uma coletiva de imprensa. “Todo passo importa neste momento, e temos uma longa jornada diante de nós.”

Falando por meio de um intérprete, Xie disse aos repórteres que a China fortalecerá suas metas de corte de emissões. “Os dois lados trabalharão conjuntamente, e com outras partes, para garantir uma COP26 bem-sucedida e para facilitar um resultado que seja tanto ambicioso quanto equilibrado”, disse ele.

A declaração conjunta informou que a China, que abriga metade das usinas de carvão do mundo, começará a reduzir seu consumo de carvão de forma gradual entre 2026 e 2030 e também cortará as emissões de metano.

Observadores das conversas do clima em Glasgow estavam receosos antes do anúncio de que o presidente chinês, Xi Jinping, não compareceria e que a China não havia feito nenhuma nova promessa substancial para atingir a neutralidade de carbono antes de 2060.

O plano climático chinês tampouco havia mencionado as emissões de metano, muito ligadas à sua ampla indústria carvoeira.

Os EUA têm a meta de descarbonizar sua economia até 2050, mas o presidente norte-americano, Joe Biden, está tendo dificuldade para aprovar uma legislação crucial para cumprir a promessa em um Congresso politicamente dividido.

“É muito encorajador ver que estes países que estavam em desacordo em tantas áreas encontram um terreno comum sobre qual é o maior desafio que a humanidade enfrenta hoje”, disse o chefe de políticas do clima da União Europeia, Frans Timmermans, à Reuters.

(Com Reuters)