Para acelerar ESG no Brasil, CEOs devem assumir a pauta

17 de abril de 2023
Korakrich Suntornnites/Getty Images

Capacitação das lideranças e colaboradores das organizações e ações de conscientização são fatores importantes para a implementação da agenda ESG

Para acelerar a adoção das práticas ESG no Brasil, sigla que define compromissos com a agenda ambiental, social e de governança, CEOs, presidentes e vice-presidentes de empresas devem tomar a frente dessa pauta. É o que afirmam 82% dos 574 executivos entrevistados em uma pesquisa da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) realizada entre março e abril de 2023. O governo foi o segundo ente mais citado (69%) pelos profissionais, a maioria (70%) de grandes e médias empresas, como responsável por comandar a aceleração das práticas ESG.

Também foram apontados os bancos e fundos de investimentos (51%), Ongs e associações (49%), diretores (47%) e conselheiros (43%) como os encarregados por essa agenda no país. “Eles entendem que a liderança desta agenda deve ser exercida pelo C-level das empresas e pelo governo”, diz Abrão Neto, CEO da Amcham. “Essa conclusão evidencia a importância do engajamento em alto nível para acelerar a adoção de práticas e os investimentos ESG no Brasil.”

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A pesquisa apresenta como fatores críticos de sucesso na implementação de práticas ESG a capacitação das lideranças e colaboradores das organizações (48%), ações de conscientização (47%), o desenvolvimento de uma cultura forte de sustentabilidade (43%) e a previsão de orçamento dedicado para investimentos em iniciativas ESG (40%).

Panorama do ESG nas empresas

47% das empresas entrevistadas são referência de mercado ou estão adotando práticas ESG. Dos que ainda não se inseriram na agenda, 31% estão planejando implementar essas políticas. “A curva de adoção de práticas ESG está prestes a atingir o chamado ponto de inflexão, o que ocorre quando mais de 50% das empresas estão efetivamente inseridas na agenda ESG”, diz o CEO da Amcham.

Os principais motivos apresentados para as empresas incorporarem essas práticas são o fortalecimento da reputação de mercado (61%), impacto positivo em questões socioambientais (57%) e a redução de riscos ambientais, sociais e de governança (40%). Apesar disso, ainda há desafios, especialmente na dificuldade de mensurar e monitorar indicadores ESG (38%). Outras dificuldades apontadas pelos profissionais são a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade (32%), falta de recursos financeiros para investimentos (27%) e de conhecimento interno (27%).

O estudo revela que 62% dos empresários possuem familiaridade com ações e estratégias ESG. Enquanto 42% dos que responderam indicam ter experiência ou conhecimento razoável sobre essa pauta, outros 20% consideram ter amplo domínio do assunto – embora 32% tenham dúvidas sobre alguns aspectos.

Políticas ESG já implementadas

Entre as empresas que já implementaram a agenda ESG, 62% buscam capacitar seus funcionários, 58% desenvolvem uma cultura de diversidade e inclusão e 51% adotam políticas de remuneração justa e benefícios. No âmbito da governança, destacam-se a adoção de código de ética e política anticorrupção (54%), de políticas de transparência e governança (47%) e de comitês ou equipes focados em ESG (30%). Entretanto, apenas 20% priorizam investimentos a partir de critérios ESG e somente 16% utilizam certificações ou avaliações de classificação ESG.

As principais ações de impacto ambiental em curso são as de reciclagem e reuso de materiais (46%), otimização do uso de recursos naturais (45%) e investimento em inovação com vistas a produtos e serviços sustentáveis. Apesar desses índices, apenas 25% das empresas consultadas estão executando ações para reduzir impactos na biodiversidade e 14% para compensar ou reduzir emissões de gases do efeito estufa.