Reuniões de representantes da equipe econômica com investidores globais para apresentação do arcabouço estão agendadas para a próxima semana, mas, de acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ainda não foi definida a data para a primeira emissão desses títulos, o que dependerá da janela de mercado, “podendo acontecer logo em seguida ou até outubro ou novembro”.
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A pasta já havia apresentado expectativa de que a primeira emissão captasse aproximadamente US$ 2 bilhões. Ceron ponderou que não pode cravar valores neste momento, mas disse que será um montante relevante, que tende a ficar acima de US$ 1 bilhão.
Os recursos captados serão associados ao financiamento de programas que gerem impactos sociais e ambientais positivos. Haverá normas de aplicação e gestão das verbas, bem como parâmetros para acompanhamento e mensuração de resultados.
“A iniciativa reafirma o compromisso do Brasil com políticas sustentáveis, se alinhando ao crescente interesse de investidores não residentes e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo”, disse o Tesouro em nota.
De acordo com Ceron, os compromissos ambientais e sociais tendem a reduzir os custos desses títulos para o governo brasileiro porque essas agendas são consideradas importantes no mundo.
“Conforme isso vai ganhando tração ao longo do tempo, com bons relatórios de prestação de contas e bons relatórios de impacto, vai aumentando o ganho que vamos ter nessas emissões”, afirmou.
O arcabouço define as regras que o Brasil coloca para si mesmo para emitir esses títulos. Segundo o Tesouro, o documento “segue as melhores práticas internacionais” e foi certificado por um verificador externo, convergindo para os princípios da ICMA (Associação para o Mercado de Capitais Internacional).
O secretário afirmou que o país vai acompanhar indicadores objetivos para medir essa evolução, citando redução de emissões de gases do efeito estufa, queda do desmatamento e controle de resíduos sólidos.
Recursos também poderão ser aplicados em programas sociais como o Bolsa Família, embora o secretário afirme que a maior parte deverá ser direcionada à agenda verde.
Ainda de acordo com o Tesouro, além do potencial de diversificar a base de investidores da dívida pública brasileira, o lançamento do arcabouço representa um passo para que seja criada referência no mercado externo para o setor privado brasileiro, estimulando novas emissões no setor corporativo.
O governo aprovou no fim de agosto novas regras para ordenar financiamentos com recursos do Fundo Clima, um dos instrumentos da sua Política Nacional sobre Mudança do Clima. Como antecipou a Reuters, o fundo foi reestruturado para receber recursos das emissões sustentáveis.
O planejamento, a execução e o monitoramento do arcabouço ficam a cargo do CFSS (Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas), que é presidido pelo Tesouro e conta com a participação de outros ministérios do governo.
Ceron ressaltou que a emissão socioambiental não necessariamente exclui uma eventual decisão do Tesouro de emitir títulos tradicionais no mercado externo neste ano.