Solange Medina, a decoradora especialista em humanizar o ambiente hospitalar no Brasil

Alex Ricciardi
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Celina Germe

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Ela foi por 50 anos a Rainha do IV Centenário do Rio de Janeiro. Transcorridas cinco décadas após aquele 13 de fevereiro de 1965, no qual foi escolhida para o posto, Solange Medina ainda é uma mulher atraente e elegante. Apenas neste ano de 2015 ela entregou, enfim, a coroa conquistada na metade da década de 1960: sua sucessora é a jovem Rafaella Lemes, de 22 anos, aclamada como Rainha Rio 450 em um concurso semelhante ao que a consagrou. Mas Solange fez muito mais de sua vida daquela época para cá. Ela é hoje uma referência em decoração de interiores, e uma pioneira na área hospitalar no Brasil.

“O marco inicial de minha carreira foi o convite de um amigo e arquiteto, Octavio Gabaglia, para decorar um hotel em Búzios, no litoral fluminense. O segundo desafio que me surgiu foi um condomínio em Angra dos Reis, onde assinei a decoração de várias casas próximas umas das outras”, lembra ela. “Algum tempo depois fiz o prédio de uma grande empresa. E, há cerca de 15 anos, enfim, surgiu um novo desafio, muito mais complexo: atuar na área hospitalar. Pensei inicialmente em recusar a proposta, achando que não teria nisso o mesmo prazer que os projetos residenciais me dão.” Mas ela aceitou a encomenda — e essa foi a primeira de muitas para companhias como Amil e Laboratórios Médicos Sérgio Franco, dentre outras. Em hospitais, explica Solange, a ambientação de interiores tem de seguir exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e usar móveis específicos, com materiais de acabamento também específicos.

Mesmo atuando dentro de limites tão estritos, ela conseguiu reinventar a atividade: “Até então os centros hospitalares brasileiros eram locais frios, básicos, pálidos, em geral brancos ou verdes. Meu desafio foi quebrar esse paradigma. Introduzi o uso de madeiras claras, cores quentes e suaves e detalhes que foram mudando o aspecto dos estabelecimentos de saúde e dando-lhes uma atmosfera agradável, aconchegante. Meu objetivo é fazer com que o paciente se sinta acolhido nesses complexos”, detalha. “Hoje, percebo que meus esforços resultaram em uma mudança de paradigma no setor, gerando um padrão adotado por várias redes hospitalares. É uma realização saber que meu trabalho fez diferença.”

Atualmente, Solange comanda uma equipe de dez arquitetas, com cerca de 30 projetos em andamento espalhados pelo Brasil e EUA. Ela encara os próximos anos com confiança e tranquilidade: “Tenho disciplina, planejamento e organização que me permitem trabalhar, fazer exercícios, administrar três casas e ter uma vida social movimentada sem nunca me descuidar daquilo que considero o pilar fundamental da existência — meus filhos, família e amigos”, discorre ela, que é casada com o médico e empresário Edson de Godoy Bueno. “E é assim que vejo meu futuro pessoal e profissional, tudo girando ao mesmo tempo, como faz um equilibrista de pratos. O prazer de ter finalizado um projeto e de desfrutar a confiança gerada por uma ação bem realizada me emocionam até hoje; na minha visão, esta é a chama que não podemos perder.”

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