O Ghost oferece tudo isso, mas de uma maneira mais silenciosa e acessível. A segunda versão do modelo – a primeira foi projetada há uma década para atrair um público mais jovem – parece conter a dose certa de luxo e sensibilidade mais contemporânea. A marca, enfim, cunhou esse nova pegada criativa.
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É incrível experimentar o carro em seu habitat natural e dirigir por onde ele foi criado. Projetado pelo arquiteto Nicholas Grimshaw, o premiado edifício da Rolls-Royce parece mais uma galeria de exposição do que uma fábrica. Quando finalizado, em 2003, o prédio estava à frente de seu tempo com uma visão ecológica: o telhado curvo hospeda diversas plantas sedum, as enormes vidraças e amplas claraboias inundam a fábrica com luz natural e um lago artificial fornece resfriamento natural. Há um belo paisagismo selvagem ao redor, onde a Rolls-Royce faz um mel muito especial nas seis colmeias de madeira do Apiário Goodwood que, segundo a equipe, totalizam cerca de 250 mil abelhas.
Mas vamos voltar ao Ghost, antes que eu me perca na paisagem fascinante. O pequeno Rolls-Royce tem sido um case para a marca. Apresentado pela primeira vez como um conceito totalmente novo, ao longo de uma década ele se tornou o modelo de maior sucesso na história de 116 anos da empresa. Desde o início, o Ghost foi projetado para ser dirigido em vez de ser guiado como o carro-chefe Phantom, e apresentou a marca a um conjunto totalmente diferente de clientes, mais internacional e mais jovem. O impacto do modelo, do Wraith, que veio na sequência, e das ousadas edições Black Badge foi tanto que o perfil do cliente médio da montadora mudou e está na casa dos 40 anos, uma conquista fenomenal no tradicional setor automotivo de luxo.
Não há grandes narrativas explosivas – o Ghost está mais preocupado com a simplicidade formal, com poucas linhas, elementos e ornamentos. Há quase uma pequena modéstia em seu exterior. Muito disso foi possível graças à arquitetura space frame de alumínio da marca, que já é usada no Phantom e no Cullinan, representada na estrutura do corpo de alumínio soldado à mão e que dá a sensação de uma tela fluida, não interrompida por linhas fechadas. A arquitetura permite que o Ghost se expanda em largura em 30 mm e, pela primeira vez, o mascote do Spirit of Ecstasy não é circundado por linhas de painel, mas posicionado sozinho, aparentemente flutuando no capô. Essas são mudanças sutis, mas juntas realmente alteram a percepção do carro.
Um único traço reto é usado para enfatizar o comprimento do carro nas laterais. A linha inferior do Rolls-Royce se baseia no design náutico e utiliza a reflexão da luz para iluminar a superfície e criar uma sensação de movimento puro e descomplicado. A linha do teto é sutilmente arqueada, enquanto a traseira segue a sensação de movimento geral com o gráfico de luz discreto com uma ligeira inclinação para a frente.
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Também há clareza de expressão no espaçoso interior, com um belo jogo de linhas e luz. Para aumentar a conexão entre os elementos, muita energia foi gasta na qualidade do material e na fabricação. Cada uma das 20 metades de couro usadas para criar o interior, por exemplo, foi verificada para garantir que os 338 painéis sejam da melhor qualidade, enquanto os artesãos da Goodwood trabalharam com linhas de costura longas e perfeitamente retas no couro para uma cabine realmente limpa e clara. A madeira está disponível no acabamento para dar uma aparência mais autêntica e, assim como o couro, fica exposta como folhas cortadas ao meio.
O design interior mostra o que é necessário para expressar luxo. Há materiais mais tradicionais, como os elementos de metal frio com temática náutica, mas com o mínimo de distrações possíveis para que o motorista e os passageiros possam desligar do trabalho e dos problemas diários e desfrutar a experiência no Ghost.
Por trás do brilho da superfície está o motor V12 twin-turbo de 6,75 litros de gasolina, que oferece 563bhp/420kW e torque de 850Nm/627lb ft, além do sistema de tração nas quatro rodas a partir de apenas 1600 rpm. A presença de uma década do Ghost permitiu à marca coletar um feedback valioso do consumidor. E, segundo a equipe, todas essas informações alimentaram a engenharia do novo carro para incluir uma evolução do famoso “passeio no tapete mágico” da marca com uma nova suspensão para entregar o que é chamado de Sistema de Suspensão Planar – uma sensação de vôo em terra.
O Ghost atende às expectativas de um carro de sua estatura. A marca gostaria que ele fosse visto como o próximo capítulo de sua narrativa, uma experiência mais tranquila, refinada e menos exuberante. Ele equilibra o racional e o irracional, o privilégio e o prazer.
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