Primeiro papel higiênico, depois macarrão. Agora, queijo está ficando mais difícil de encontrar, especialmente os usados para raclette e fondue, que muitos franceses e suíços consideram como um de seus pratos nacionais favoritos.
À medida que o tempo frio chega ao hemisfério norte, e com a maioria das pessoas novamente dentro de suas casas, as vendas de queijo e de utensílios para prepará-lo e comer levantam a questão: Qual a melhor forma de comer queijo na era do distanciamento social?
Muitos fabricantes de queijo sofreram com o fechamento de restaurantes, cafés e cantinas escolares em todo o mundo. Em junho, os fabricantes de queijo brie francês e de stilton britânico tiveram queda nas vendas de até 30%.
Nos EUA em novembro, a agência de notícias Bloomberg relatou uma grande queda nos preços dos queijos, uma vez que restaurantes de todo o país foram forçados a fechar novamente. Alguns preços de cheddar em atacado, por exemplo, caíram mais de 40% em novembro e os valores de queijo em bandejas de frios tiveram baixa de 13% no ano para cerca de US$ 3,40 o quilo.
Outros queijos, no entanto, prosperaram. No começo da pandemia as pessoas procuraram mais alimentos processados, que durassem mais tempo na geladeira. Até foram descobertos novos tipos de queijos, como um em Vosges, na França, que foi criado quando cascas foram acidentalmente deixadas na geladeira.
Agora, as vendas de queijo usado para raclette na França estão disparando. Raclette –onde fatias de queijo são derretidas e depois derramadas sobre batatas e embutidos, como salame ou presunto– é tradicionalmente feita com queijo de leite de vaca alpina.
A França, em meio a um segundo lockdown, viu um aumento de 300% nas vendas de queijo raclette, e as pessoas têm comprado equipamentos para preparar o prato em números recordes. A maior mudança, porém, é sintomática do isolamento, pois, em geral, as vendas são de utensílios para seis ou oito pessoas –neste ano, o que domina são as peças para duas pessoas.
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Conforme relatado pela rádio europeia Europe 1, a pressa em comprar raclette não surpreende Catherine Vackrine, endocrinologista e especialista em comportamento alimentar, que afirma que, por ser uma refeição bastante rica e pomposa, a raclette pode acalmar as emoções. Ela acrescenta que “a raclette é um pouco transgressiva e regressiva, trazendo boas lembranças que nos colocam de volta em situações em que nos sentimos bem, e que não poderemos viver novamente neste ano.”
As pessoas estão preocupadas com a possibilidade de não haver estoques suficientes para o inverno. O governo francês está mantendo restaurantes, bares e estações de esqui fechados até 20 de janeiro, pelo menos. Um diretor de uma fromagerie (loja de queijos) em Paris, conforme relatado pelo jornal francês “Le Figaro”, disse que está “preocupado com sua capacidade de atender às necessidades de seus clientes”.
As coisas são tão sérias, que até se brincou que os franceses deveriam começar a substituir a tradicional raclette por uma chevrette, usando queijo de cabra ou uma biclette, (ou queijo brebis, um queijo feito de leite de ovelha).
Como comer fondue durante a pandemia de Covid-19?
Do outro lado da fronteira, na Suíça, a temporada de fondue está bem encaminhada, e há conversas no Twitter sobre a melhor forma de comê-lo na pandemia e com distanciamento social –alguns estão sugerindo que, em vez do tradicional espeto, o melhor seria usar uma vara de pescar (“une canne à pêche”).
Outros estão sugerindo que cada convidado leve dois garfos e uma faca, e é isso. Um garfo para mergulhar na fondue, a faca para ajudar a tirar o pão e o segundo garfo para comer, evitando assim qualquer contaminação da panela.
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As receitas de fondue suíça são antigas e existem desde o século 17, sendo que se tornou prato nacional do país na década de 1950 quando o exército o incorporou ao seu livro de receitas. Arnaud Favre, presidente da associação de fondue suíça Les Compagnons du Caquelon, informou que as vendas de queijos usados para fondue aumentaram 10% em relação ao ano passado.
A mídia francesa consultou o especialista em doenças infecciosas mais experiente em Genebra, Didier Pittet –presidente do órgão que avalia o manejo da crise do coronavírus na França. Pittet, quando questionado se havia um risco associado ao consumo de fondue, respondeu “certamente não”.
Os fabricantes de queijos suíços, unidos dentro da organização Switzerland Cheese Marketing, também oferecem conselhos tranquilizadores à população. Depois de afirmarem ter examinado a questão, eles concluíram que “o risco de contaminação por um queijo para fondue é improvável”. O professor Christian Ruef, especialista em doenças infecciosas em Zurique, explica que isso ocorre porque “no caquelon (a panela) o queijo atinge uma temperatura suficiente para matar qualquer vírus”.
Outros profissionais de saúde foram rápidos em apontar que o risco não está na fondue em si, mas como na raclette, a Covid-19 é transmitida por pessoas em contato próximo, então o número de pessoas nesses jantares representa o problema mais direto.
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