Bugatti lança novo carro projetado por designer de 27 anos

22 de dezembro de 2020
Reprodução/Forbes

Nils Sajonz, de apenas 27 anos, é designer de projetos especiais da Bugatti

É fácil descrever a Bugatti apenas como uma marca de ultra luxo e um braço da Volkswagen ou como um lugar onde a empresa com sede em Wolfsburg pode queimar dinheiro. Mas, se explorarmos um pouco mais, é possível descobrir que a marca multimilionária tem uma longa e rica história, onde entusiastas de automóveis como Nils Sajonz são líderes de design para projetos especiais da Bugatti.

Deixe de lado os rótulos comumente associados aos carros da Bugatti e as infinitas contas da Volkswagen, e será possível descobrir que Sajonz não é nem um pouco diferente de outros designers apaixonados. Ele ama o que faz, é infinitamente curioso e está sempre em busca de inspirações. É o responsável por projetar carros que valem seis milhões de dólares e tem todo o entusiasmo que uma pessoa de 27 anos deveria ter.

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Sua última criação foi o Bolide, uma evolução do conceito do Vision Gran Turismo. Ao contrário do GT, o Bolide foi desenvolvido de acordo com regras do mundo real, segundo as regulações da Federação Internacional do Automobilismo (FIA).

Considerando o potencial desse conceito, conversei com Sajonz para saber se a Bugatti planeja a volta à Le Mans, para descobrir de onde vem sua inspiração e para bater um papo sobre motorsport em 2020.

Forbes: O Bugatti Bolide foi projetado para fazer parte de um track day ou existe a intenção da marca de voltar ao motorsport com esse projeto?

Nils Sajonz: Nenhum dos dois, na verdade. É um conceito técnico para analisarmos as possibilidades para a marca e o que poderíamos fazer sobre design de envelopamento. Queríamos saber como isso ficaria em um carro de verdade. Não posso falar sobre o que está acontecendo com o carro agora, mas fizemos tudo o que podíamos para deixá-lo o mais funcional possível. Só o futuro poderá dizer o que acontecerá a partir de agora.

F: O que inspirou você a projetar o Bolide?

NS: A Bugatti é uma das marcas com a história mais rica na indústria automotiva, e eu analisei 110 anos de corridas, desenvolvimento de carros e carroçarias. Eu me inspirei nos carros vencedores da Le Mans e no Type 35, um dos carros de mais sucesso em motorsport com mais de 2.000l vitórias. A maior inspiração veio da nossa própria história, do nosso legado em corridas e soluções aéreas. Também analisamos os avanços tecnológicos em corridas, Fórmula 1 e os protótipos da Le Mans e como poderíamos implementar tudo isso em nosso carro.

F: Tem algum detalhe no carro do qual você goste muito?

NS: Para mim é o sentimento de ver meus desenhos se tornarem o personagem do carro. Eu sempre penso que a parte frontal é o que dá forma a esse personagem. O mais empolgante é ver o ar entrando e saindo do carro e o trabalho aerodinâmico.

F: O Bolide foi enquadrado nas regulações da FIA. Você apenas se inspirou em protótipos da Le Mans ou existem outras séries que te inspiram?

NS: Eu sou viciado em Fórmula 1. Tento assistir a duas corridas por ano, pelo menos, incluindo treinos. Eu também tenho alguns amigos nos times e fica difícil não ser apaixonado por isso. É o auge da performance automotiva, há muito o que aprender e eu sempre fico ansioso para voltar ao track day.

A Fórmula-E também é muito inspiradora. É basicamente o mesmo conceito de corrida, mas com tecnologias completamente diferentes. Os carros funcionam de outra forma, a velocidade é diferente, mas, de certa forma, a filosofia é a mesma.

Os carros da Le Mans são muito interessantes não apenas a nível de competição, mas para analisarmos quão diferentes são os designs de motores entre os times. Os motores não são mais tão grandes. Eles estão trabalhando com sistemas de transmissão híbridos e motores pequenos que alcançam velocidades inacreditáveis e quebram recordes.

F: Para quem você torce na Fórmula 1?

NS: Eu sempre torço para o pessoal dos carros vermelhos. O GP da Turquia foi uma boa corrida, mas dói só de ligar a televisão nessa temporada. A Ferrari pode melhorar.

F: Qual foi a última Fórmula 1 que você foi?

NS: Não fui a nenhuma corrida esse ano, mas estive presente na pré-temporada de treinos em Barcelona. Recebi um convite da Red Bull e consegui mostrar ao meu pai o paddock e a garagem. Ele é uma pessoa da aviação e não gosta muito de corrida, mas foi muito legal poder mostrar os carros.

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F: Você faz anotações mentais quando vê carros de Fórmula 1 tão de perto?

NS: Claro. Quando se olha para os detalhes, não importa se é uma pequena tampa construída de um jeito diferente ou uma lateral diferente, porque na Fórmula 1 tudo tem um propósito. Às vezes, eu até pergunto aos engenheiros porque eles fizeram certas coisas e o que elas significam em termos de aerodinâmica.

F: Seu pai nunca pediu que você projetasse um avião para ele?

NS: Pelo contrário! Foi meu pai quem sempre desenhou aviões para mim quando eu era pequeno. Ele fazia um desenho e me dava lápis para que eu os colorisse. E então, em algum momento, eu comecei a desenhar e quando tinha 10 ou 12 anos comecei a me interessar por carros. A minha paixão veio dos aviões.

F: A aviação tem um papel importante nos seus designs?

NS: Com certeza. As cabines são como toldos em volta do piloto tentando alcançar a menor resistência possível. Em aviões, existe algo que sempre procuramos: como podemos construir a cabine ao redor dos pilotos. Entre as superfícies, as asas e as soluções, há muita inovação. Isso me inspira muito.

Inspiração está por todos os lados. Não importa se é algo que vemos nas ruas ou se é arte. Quando se trabalha para uma marca de carros de performance como a Bugatti, essas coisas se tornam curiosas e inspiradoras. Essa é a beleza do design, porque é possível encontrar algo em qualquer lugar.

Veja, na galeria abaixo, imagens dos projetos de carros desenhados por Nils Sajonz:

O Bolide foi construído de acordo com as normas da FIA, mas ainda é apenas um carro conceito.
Um dos esboços do projeto do Bolide, feito por Nils Sajonz.
Parte da frente do Bolide, novo carro da Bugatti.
Projeção do conceito do Bolide no Circuit Paul Ricard.
O interior do Bolide também foi projetado e desenvolvido segundo as regulações da FIA.
Vista aérea do Bolide, com uma linha que separa função e conceito.

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