Arte contemporânea em 4 episódios

14 de julho de 2022
Cortesia Galeria Nara Roesler

JR, Trompe l’oeil, Les Falaises du Trocadéro, 19 maio 2021, 19h57, Paris, France, 64 x 96 cm.

JR no TED Talk: arte como ferramenta de esperança

O fotógrafo e street artist francês, conhecido sob o pseudônimo JR, fez palestra no encontro do TED Talk no Centro de Convenções de Vancouver, Canadá, para plateia lotada. JR diz, modestamente, que suas instalações precisam apenas de papel e cola. Ele faz parte da cultura pop atual, conhecido pelas fotografias em preto e branco gigantes, sua marca registrada desde 2011, coladas em mais de 141 países. A mais famosa talvez seja a que fez em Paris, em 2016, que cobriu toda a praça quadrada do Louvre, mimetizando a pirâmide de vidro do arquiteto I. M. Pei, em uma ilusão ótica que revelou as camadas históricas do subsolo do maior museu do mundo.

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Apesar de afirmar que seu foco não é o ativismo, JR já levou sua arte ao polêmico muro da fronteira México-EUA. Desta vez, o tema da palestra foi a instalação que realizou em uma prisão de segurança máxima na região sul da Califórnia, com ajuda dos presos e dos guardas, após convencer a complexa burocracia carcerária norte-americana de sua intenção: “Gosto de usar a arte como ponte para as pessoas se comunicarem umas com as outras. Não sou um ativista só sou um artista. Meu objetivo não é dizer às pessoas o que devem pensar. A única coisa que faço é levá-las a pensar. Isso é que é importante”. Vale a pena assistir aqui.

Xavier Veilhan e Chanel: colaboração entre arte e moda

Cortesia Galeria Nara Roesler

Xavier Veilhan, Mobile nº 2 2022, 194 x Ø 153 cm. Foto Flavio Freire.

Outro artista francês do nosso portfolio é o multimídia Xavier Veilhan. A diretora criativa da Chanel, Virginie Viard, sucessora de Karl Lagerfeld, convidou-o para criar o cenário e a iluminação do desfile de alta costura Outono/Inverno 2022-2023, apresentado no dia 5 de julho no Étrier de Paris, o centro equestre do parque Bois de Boulogne. É a segunda vez que Viard convida Veilhan.

Sua primeira colaboração para a maison foi em janeiro deste ano quando projetou o cenário do desfile de alta costura Primavera/Verão 2022 no Grand Palais Éphémère, que teve como musa a princesa, amazona e embaixadora da marca, Charlotte Casiraghi de Mônaco. Montada em seu puro sangue, a bela se apresentou em meio às tops e a uma odisseia de espaços virtuais e físicos criados pelas esculturas de piso e de ar com a elegante geometria de Veilhan.

Carlito Carvalhosa: mostra coletiva no Guggenheim de Nova York

Coleção Museu Guggenheim

Carlito Carvalhosa, Sem título, 2021, tinta óleo e cera sobre madeira, 16 peças de 30 x 30 x 6 cm.

No ano passado, o Guggenheim adquiriu uma obra de nosso artista Carlito Carvalhosa (1961-2021) para a coleção do museu. Nós da galeria nos emocionamos pois Carlito,
além de ser um dos grandes representantes de sua geração, era muito querido por todos. A obra sem título, composta de dezesseis painéis monocromáticos em pequeno formato com tinta óleo e cera sobre madeira, agora está na coletiva “Sensory Poetics:0 Collecting Abstraction”, que vai até 17 de outubro.

Organizada pela historiadora Joan Young, diretora de curadoria do museu, reúne trabalhos abstratos de arte contemporânea adquiridos pelo Guggenheim nos últimos dez anos. Entre os artistas de ponta da cena abstrata internacional, mais um nome brasileiro, a artista Sonia Gomes, do time dos nossos amigos da Galeria Mendes Wood DM.

Galeria Nara Roesler / Nova York: coletiva “A dobra no horizonte”

Nossa galeria no Chelsea está com a coletiva de obras conceituais “A dobra no horizonte”, com curadoria do artista carioca Marcos Chaves. Copio aqui partes de seu texto curatorial que explicam o que o norteou: “São todos artistas nascidos ou criados no Rio de Janeiro, frequentadores de suas praias — palcos de ideias, trocas de conhecimentos e lazer — durante o final dos anos 1980 e no decorrer dos anos 90, e que continuam se encontrando nessas areias. (…) Vários trabalhos presentes são raramente encontrados na internet. Situação, hoje, talvez impensável, para os artistas mais jovens, acostumados desde cedo à superexposição das redes.

Cortesia Galeria Nara Roesler

JR e Nara Roesler na frente da galeria no Chelsea, Nova York, 2020

Os artistas da mostra, vale lembrar, viveram a transição do analógico para o digital no início da fase adulta e logo após a virada do milênio. (…) Estes trabalhos, para mim e acredito que também para o grupo aqui reunido, nos inspiraram na época e continuam nos inspirando”. Algumas das obras são de Brígida Baltar, Raul Mourão, Ernesto Neto, Fernanda Gomes e do próprio Chaves. A coletiva fica em exibição até 13 de agosto.
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Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte cynthigarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/