Outra novidade é a participação de Costanza em um livro infantil. Ela assina um dos capítulos “O Educado Eduardo” (Edipro), de sua amiga Maíra Lot Micales, que será lançado em breve. Costanza escreveu sobre a gentileza, assunto no qual é expert, unindo experiências de vida e pesquisas feitas em livros sobre psicologia infantil atual. Naquele estilo inconfundível – de quem se comunica com todos com gentileza e charmosa descontração – ela dá seu recado em subtítulos como “O bê-a-bá do respeito”, “A importância de agradecer“, “Pequenas grandes empatias” e “Tratamento igual para todos”. Valores que fazem parte de sua personalidade, porém, segundo ela, andam em falta entre muita gente grande.
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Sempre apontada como um símbolo de elegância, ela avisa que o termo não é sinônimo de inacessibilidade. “Quero que as pessoas saibam que eu sou anticonvencional”, informa, enquanto gesticula exibindo seus anéis de caveira – presente dos netos, que a chamam de “vovó rock’n’roll”. “É interessante viver com uma curiosidade infinita, mas sobretudo achar graça nas coisas. Levar tudo a ferro e fogo como as
pessoas fazem hoje é meio deprimente”, diz com charmosa nonchalance.
Ao ouvir que tem uma mente jovem, ela justifica: “O mundo está em constante movimento, sempre esteve”. Não por acaso, Costanza fez parte de importantes mudanças no mercado da moda brasileira.
Quando ingressou na Editora Abril, nos anos 1970 – onde imprimiu sua marca como editora de moda – acompanhou o momento em que o Brasil começava a ter uma indústria do vestuário relevante. Já nos anos 1990, fez parte da expansão e crescimento internacional da joalheria HStern. “As mulheres estavam começando a ganhar dinheiro por conta própria. Então desenhei peças diretamente para as mulheres, e não para os homens darem para as mulheres. Foi uma revolução”.
A carreira, claro, não foi livre de obstáculos. A começar pelo início quando, deserdada pelo pai, bateu na porta da icônica Editora Abril. A seu favor contou uma sólida formação cultural – é fluente em cinco idiomas – um senso estético apuradíssimo e muita vontade de trabalhar. Ela lembra que eram tempos ainda longe da profissionalização do mercado: “Eu fazia a produção, mas chegava no estúdio no dia seguinte e as roupas não estavam lá. Mas fui indo, e trabalhava dez vezes mais do que os outros”.
Hoje, Costanza resume tudo em não se deixar acomodar. “Sucesso para mim é continuar saudável e participando de coisas novas o tempo todo”. O estilo de liderança atual, por exemplo, é um motivo de reflexão e interesse. “O novo chefe tem que ter um olhar muito mais conciliador e esperto no sentido de ouvir, tirar conclusões e mandar na direção certa”, considera.
Ela mesma seguiu essa rota, ouvindo os colaboradores e dando espaço para diferentes opiniões e visões de mundo – mesmo quando isso não era bem o modus operandi. Atitude digna de uma mulher de sucesso e anticonvencional.
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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Artigo publicado na edição 97, de maio de 2022.