Jobs comprava duas dúzias de camisas de gola rolê a cada ano, afirmou o proprietário da St. Croix, Bernhard Brenner, dizendo que o CEO da Apple até ligou para a empresa pessoalmente para expressar seu apreço pela camisa.
Foi uma fábula rapidamente desmascarada pela tão esperada biografia de Jobs escrita por Walter Isaacson, que revelou uma história então desconhecida de uma amizade entre Jobs e o verdadeiro artista por trás da gola alta, o designer japonês Issey Miyake – que morreu na em 5 de agosto deste ano, aos 84 anos.
Uniforme sob medida para Jobs
No entanto, é a gola alta – fora do mercado há mais de dez anos – que aparece nas manchetes que anunciam a morte de Miyake, após a peça de roupa colocar ele e Jobs no mesmo caminho depois que se conheceram em 1981.
Foi o projeto de design exclusivo de Miyake com a Sony Corporation em 1981 que selou seu legado de moda ao icônico Jobs. Para o 35º aniversário da Sony, o presidente da Sony, Akio Morita, contratou Miyake para projetar uma jaqueta para os funcionários da Sony. Miyake criou uma jaqueta futurista de nylon com mangas que podiam ser retiradas para transformá-la em um colete.
Jobs visitou a Sony na década de 1980 e, em uma reunião com Morita, perguntou ao presidente por que os funcionários da Sony usavam uniformes, segundo a biografia de Walter Isaacson sobre Jobs publicada pela editora Gawker em 11 de outubro de 2011.
De acordo com a biografia, Jobs queria esse tipo de vínculo para a Apple. Então ele ligou para Miyake e pediu que ele desenhasse um colete para a Apple.
Conforme relatado por Gawker e outras fontes, esse colete não foi bem recebido. Os funcionários odiavam a ideia de todos usarem as mesmas roupas. Então Jobs, sendo Jobs, transformou o conceito de uniforme corporativo em uniforme para si mesmo.
“Então eu pedi a Issey para fazer algumas de suas golas pretas que eu gostava, e ele me fez uma centena delas.” Contou Jobs ao seu biógrafo, mostrando a um Isaacson surpreso a coleção de moda empilhada em seu armário. Aquela gola alta preta solo se tornou o uniforme pessoal do CEO da Apple e criou sua assinatura de estilo, definida graças à visão do icônico estilista Issey Miyake.
Um legado tecnológico
Antes de Miyake estudar costura e alfaiataria em Paris, na École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne em 1965, ele estudou design gráfico na Tama Art University, em Tóquio. A partir dessas duas escolas, Miyake combinou criativamente a costura com o design gráfico para criar seus designs inspirados em origamis que ancoravam suas peças de moda.
Miyake tornou-se uma espécie de empresário têxtil. Inspirado nos vestidos Delphos de seda plissados dos anos 1900, o estilista criou um tecido que se expandia verticalmente com centenas de pequenas dobras. Sua técnica de plissado incorporou uma inovação tecnológica única – onde os plissados são aplicados após o tecido ser cortado e costurado – e fez das roupas com pregas permanentes um de seus legados duradouros de design.
Em 2017, a Issey Miyake Inc lançou o que pode ser descrito como uma homenagem à gola rolê, originalmente aposentada em 2011, embora certamente não seja uma reedição. Projetado pelo protegido de Miyake, Yusuke Takahashi, o Semi-Dull T (vendido por cerca de US$ 270,00, ou R$ 1.377,45) foi descrito pela Bloomberg como uma “silhueta mais aparada e ombros mais altos que o original”. Takahashi passou dez anos com Miyake antes de deixar seu cargo como diretor artístico de Issey Miyake Men em 2020 para lançar a CFCL (Clothing For Contemporary Life).
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