Com curadoria de Agnaldo Farias, “Abraham Palatnik – Outros Ritmos,” a partir de sábado (11) na sede da Galeria Nara Roesler na avenida Europa, apresenta 30 obras inéditas de 1950 a 2015 deste mestre da arte brasileira falecido no Rio, aos 92 anos, vítima de Covid.
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Conheço Palatnik desde 1989. Fui apresentada a ele pelo crítico Frederico de Moraes. Fiquei encantada, tão simples, tão genial! Na época, ele havia diminuído muito sua produção de arte, pois a vida o obrigara a assumir a direção artística da fábrica de resina que tinha em sociedade com o irmão no Rio. Estava recolhido em seu apartamento, dando para a magnífica vista da baía de Guanabara e do Pão de Açúcar, sem expor sua obra singular há muito tempo, após receber todas as honrarias em 1951, na primeira Bienal de São Paulo, e depois na Bienal de Veneza, e se apresentar em várias galerias na Europa.
Veja algumas obras de Abraham Palatnik:
Com a estratégia traçada, tive a honra de visitar o ateliê em seu apartamento várias vezes. Que experiência incrível! Pouco a pouco, o apartamento amplo foi tomado pelo ateliê de artista. Começara modesto no quartinho dos fundos, mas foi indo até invadir a sala de estar com a vista para o Rio, que tanto o encantava. No final, de habitável, mesmo, só restara seu quarto de dormir. Por todo canto gaveteiros com uma profusão de roscas, parafusos, motores, lâmpadas. Prateleiras com furadeiras, serras, laser. Na sala, sobre a grande mesa de trabalho, vidros com pincéis, tintas de todas as cores, e a grande tela da sala, a inspiradora vista do Rio de Janeiro, paisagem que muitas vezes vejo representada em suas pinturas. O espaço era um mergulho em seu mundo, em sua cabeça. Tive momentos memoráveis com Palatnik, ele falando sobre sua arte, sua técnica, seus desafios, contando sobre suas frustrações, sua filosofia de vida. E, como se não bastasse, era um verdadeiro gentleman. Ficamos bons amigos.
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Artista/artesão/inventor, Palatnik foi um criador no sentido puro da palavra. Jamais teve assistente. Da ideia à finalização, produziu tudo com suas próprias mãos. Era um de seus prazeres, talvez, seu maior orgulho. Somente quando o laser foi comercializado que essa tecnologia de ponta passou a auxiliá-lo na produção das ripas estreitas e finas que criam as texturas onduladas e provocam o efeito cinético característico de suas pinturas.
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/