Trabalhar mais de 55 horas por semana mata 745 mil pessoas por ano, adverte a OMS

17 de maio de 2021
Reprodução/Forbes

Trabalhar mais de 55 horas por semana pode aumentar o risco de derrame e doenças cardiovasculares, disse a OMS

Trabalhar muitas horas está matando centenas de milhares de pessoas por ano e pode estar piorando devido à desaceleração econômica e ao aumento do trabalho flexível durante a pandemia de Covid-19, alertou a OMS (Organização Mundial de Saúde) hoje (17), pedindo aos empregadores e governos que limitem as horas de trabalho a fim de proteger a saúde dos funcionários.

745 mil pessoas morreram de derrame e doenças cardíacas em 2016 como resultado de trabalhar mais de 55 horas por semana, de acordo com um estudo inédito da OMS e da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

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Os homens representaram a esmagadora maioria dessas mortes, quase três quartos, com pessoas que vivem no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental (uma região da OMS que inclui Japão, China e Austrália) também significativamente afetados.

Na maioria dos casos, as mortes foram registradas anos ou até mesmo décadas depois dessa jornada com muitas horas diárias de trabalho, escreveram as organizações. Aqueles que atuam por 55 horas ou mais por semana correm um risco 35% maior de morrer de acidente vascular cerebral e 17% de doença isquêmica do coração quando comparados aos que trabalham de 35 a 40 horas semanais.

A Dra. Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, disse que a pesquisa mostra claramente que muitas horas de trabalho são “um sério risco à saúde”.

A pandemia de Covid-19, o aumento da economia informal e o teletrabalho podem servir para aumentar os riscos de trabalhar muitas horas, alertaram as organizações, indefinindo as fronteiras entre trabalho e casa e pressionando os trabalhadores a trabalhar por mais tempo, já que as empresas economizam cortando folhas de pagamento.

A OMS disse que as horas devem ser limitadas para a segurança dos trabalhadores, já que as longas horas de trabalho parecem ser o fardo de doenças ocupacionais mais significativo, respondendo por um terço das doenças relacionadas ao trabalho.

O estudo, que abrangeu os anos de 2000 a 2016, não contabilizou grande parte do crescimento da economia informal e da mudança na situação de trabalho durante a pandemia. A OMS e a OIT disseram que esperam que isso piore o número de pessoas que trabalham muitas horas, apontando para a incerteza envolvida nas novas modalidades de trabalho e um aumento na jornada de trabalho após recessões anteriores.

O trabalho durante a pandemia também pode aumentar a jornada de trabalho: Frank Pega, um oficial técnico da OMS, disse que a organização tem evidências que mostram “que quando os países entram em lockdown nacional, o número de horas trabalhadas aumenta em cerca de 10%”, noticiou a “BBC”.

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55 horas ou mais. É a quantidade de horas semanais que a OMS e a OIT consideram perigosas, de acordo com este estudo. 9% da população mundial está atualmente trabalhando perigosamente muitas horas, estimou a OMS, um aumento de 9% em relação a 2000. A OMS disse que esse número ainda está aumentando.

Trabalhar muitas horas pode ter impactos na saúde além daqueles medidos neste estudo (doenças cardíacas e derrame) e a relação entre saúde e meio ambiente é tão complexa que outros fatores podem ser responsáveis por algumas dessas descobertas. A saúde mental e o estresse, por exemplo, podem ser profundamente afetados pelo trabalho.

O diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu aos empregadores e aos governos que trabalhem juntos e enfrentem longas jornadas de trabalho, dizendo: “Nenhum trabalho vale o risco de derrame ou doença cardíaca”.

 

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