De olho em um dos temas mais debatidos durante a pandemia, a Forbes realizou, na noite de ontem (27), o seu segundo webinar voltado para a saúde mental no meio corporativo. Por quase duas horas, especialistas na área foram convidados a palestrar sobre o tema da vez, “Autocuidado no Centro da Agenda da Empresa: Como Atingir este Objetivo?”, tópico que rendeu discussões sobre o futuro do trabalho e o papel das companhias no bem-estar dos colaboradores.
O encontro foi mediado por José Vicente Bernardo, editor-chefe da Forbes Brasil, e contou com a abertura do Dr. Arthur Guerra de Andrade, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC, cofundador da Caliandra Saúde Mental e colunista da Forbes. Outros nomes da área marcaram presença, como Dr. Ricardo Martins Ouchi, médico psiquiatra e diretor da linha de cuidados de saúde mental da Amil, Dr. Fernando Pedro, diretor-executivo de gestão de valor em saúde na Amil, Dra. Camila Magalhães, médica psiquiatra, cofundadora da Caliandra Saúde Mental, Eduardo Spinussi, gerente-geral da Fundação Zerrenner e Erica Buganza – RHBP – de desenvolvimento e carreira do Itaú Cultural.
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A mesa iniciou com uma série de dados preocupantes em relação à saúde mental dos brasileiros durante o último ano. Atualmente, o país não só lidera o ranking de casos de ansiedade no mundo, como também é o quinto com mais depressivos patológicos. Com o agravamento desses sinalizadores durante a pandemia, a conclusão dos especialistas é que nunca houve um cenário tão propício – e urgente – para a mudança da cultura nas empresas.
Para o Dr. Arthur Guerra, as companhias devem iniciar seu trabalho a partir dos líderes. “Se eles não forem os exemplos, quem será?”, questionou. O psiquiatra explicou que esse grupo deve ser capacitado para reconhecer os primeiros sinais de problemas com os membros da equipe, atuando como um mediador entre os funcionários e profissionais da saúde. “As pessoas precisam entender que o autocuidado não é egoísmo, é uma necessidade. E cabe ao líder se atentar aos sinais mais comuns de sobrecarga mental, como o sono prejudicado, a irritabilidade excessiva e a queda no rendimento”, diz.
Por outro lado, o Dr. Ricardo Martins chamou a atenção do público do webinar para as condições da natureza humana. Segundo ele, basta pensar no método cartesiano, aquele mesmo estudado na matemática, para entender como a cabeça do homem funciona. “Desde sempre almejamos o controle do que está à nossa volta. Nós categorizamos, comparamos e dividimos os objetos em caixinhas. Na história, acabamos errando nessa dose, e hoje podemos afirmar que o que move o ser humano é a angústia, a incerteza”, afirma. Dessa forma, o diretor de cuidados da Amil diz que as companhias devem repensar sua maneira de organização interna da companhia a fim de aliviar os sintomas mentais e também diminuir a probabilidade de adoecimentos. Alterar a cultura do time, integrar os centros médicos às organizações, tudo isso faz parte da promoção da saúde, explica ele.
Outro ponto abordado na discussão foi o estigma das doenças mentais. Em sua fala, o Dr. Fernando Pedro chamou a atenção para a natureza oculta dos diagnósticos de depressão e ansiedade, mesmo com os aumentos alarmantes de casos. “Todo mundo conhece alguém na família ou no trabalho que lute com alguma dessas doenças, mas ninguém compartilha isso sem se sentir constrangido”, aponta. Para o médico, uma das responsabilidades das empresas é justamente a abordagem clara e direta dessas questões, contribuindo para que o tema seja abordado com normalidade.
Como não poderia faltar, os dilemas do home office também foram trazidos à discussão pela Dra. Camila Magalhães. Só no Brasil, afirmou ela, sete milhões de pessoas trabalharam remotamente durante a pandemia. Embora o tempo economizado no trânsito e a diminuição da fadiga sejam pontos positivos, nem tudo ficou mais “fácil”: traçar um limite adequado entre a vida pessoal e profissional, por exemplo, foi um desafio acertado por poucos. “O trabalho é uma experiência coletiva, então os líderes devem promover o diálogo e o autocuidado entre as equipes, sempre lançando mão de estratégias que conectem e aproximem as pessoas”, conclui.
Erica Buganza e Eduardo Spinussi, representantes do Itaú Cultural e da Fundação Zerrenner, respectivamente, expuseram as medidas adotadas pelas empresas para apoiar os colaboradores com dificuldades no dia a dia. Os executivos explicaram que o primeiro passo para um case de sucesso é o tratamento precoce – isto é, desenvolver iniciativas de prevenção e agir antes que os quadros se agravem. “É algo difícil de ser enfrentado nos meios corporativos, mas as companhias devem oferecer suporte”, disse Spinussi.
Além de encontros mediados por profissionais para debater temas como estresse e angústia, houve uma iniciativa dos líderes para redefinir o trabalho de funcionários que viram seus projetos quase totalmente impactados pela pandemia. “A gente via casos de diretores de teatros que não sabiam o que fazer depois que tudo fechou. Nesse momento ressignificamos a carreira dos nossos colaboradores, trouxemos subsídios e procuramos ajuda”, finaliza Erica.
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