Congresso americano traz novidades para o tratamento do câncer

20 de junho de 2022

Nesta semana trago novidades direto de Chicago, nos Estados Unidos, onde participei do Encontro Anual da ASCO, a American Society of Clinical Oncology. 

Depois de dois anos de congresso virtual, pudemos nos reunir novamente no presencial e conhecer os estudos e pesquisas que podem mudar a prática clínica na prevenção, diagnóstico e tratamento dos mais variados tipos de câncer. 

Leia mais: Afinal, quando devemos iniciar o rastreamento do câncer de intestino?

Hoje gostaria de abordar um estudo sobre câncer do cabeça e pescoço realizado na China, que avaliou o papel de uma substância chamada nimotuzumabe

Ela é um anticorpo monoclonal que bloqueia o EGFR, uma proteína super expressa neste tipo de tumor e importante na sua atividade proliferativa, invasão e metástase.

Os pesquisadores avaliaram um total de 482 pacientes, em que o tratamento para o câncer de nasofaringe – que foi o tumor incluído nesse estudo – envolve, na doença localmente avançada, quimio mais radioterapia, como padrão. 

O tumor de nasofaringe é considerado um tipo relativamente raro de câncer de cabeça e pescoço, com incidência de menos de um caso para cada 100 mil pessoas, nas estatísticas globais.

Neste estudo, este número de pacientes com tumores grandes, ou pelo tumor primário ou pela metástase linfonodal, foram randomizados entre quimio e radioterapia com ou sem essa droga chamada de nimotuzumabe.

Este estudo mostrou que houve um ganho na sobrevida global em cinco anos: no grupo que recebeu este medicamento junto com a quimio e radioterapia, chegou a 77%; superando os resultados para o braço de quimio e radio, que ficou em 64%. 

A pesquisa também revelou que, em cinco anos, a taxa de estar livre da doença, ou seja, de não ter a doença presente no organismo, foi de 40% entre o grupo que recebeu a combinação da combinação nimotuzumabe + quimioterapia + radioterapia, contra somente 14% entre os que receberam o tratamento padrão de quimio e radio. 

Portanto, este medicamento deve se configurar como um novo tratamento padrão na doença localmente avançada para os casos de câncer de nasofaringe.

Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.