Nesta semana trago novidades direto de Chicago, nos Estados Unidos, onde participei do Encontro Anual da ASCO, a American Society of Clinical Oncology.
Depois de dois anos de congresso virtual, pudemos nos reunir novamente no presencial e conhecer os estudos e pesquisas que podem mudar a prática clínica na prevenção, diagnóstico e tratamento dos mais variados tipos de câncer.
Hoje gostaria de abordar um estudo sobre câncer do cabeça e pescoço realizado na China, que avaliou o papel de uma substância chamada nimotuzumabe.
Ela é um anticorpo monoclonal que bloqueia o EGFR, uma proteína super expressa neste tipo de tumor e importante na sua atividade proliferativa, invasão e metástase.
Os pesquisadores avaliaram um total de 482 pacientes, em que o tratamento para o câncer de nasofaringe – que foi o tumor incluído nesse estudo – envolve, na doença localmente avançada, quimio mais radioterapia, como padrão.
Neste estudo, este número de pacientes com tumores grandes, ou pelo tumor primário ou pela metástase linfonodal, foram randomizados entre quimio e radioterapia com ou sem essa droga chamada de nimotuzumabe.
Este estudo mostrou que houve um ganho na sobrevida global em cinco anos: no grupo que recebeu este medicamento junto com a quimio e radioterapia, chegou a 77%; superando os resultados para o braço de quimio e radio, que ficou em 64%.
A pesquisa também revelou que, em cinco anos, a taxa de estar livre da doença, ou seja, de não ter a doença presente no organismo, foi de 40% entre o grupo que recebeu a combinação da combinação nimotuzumabe + quimioterapia + radioterapia, contra somente 14% entre os que receberam o tratamento padrão de quimio e radio.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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