Dito isto, existem dois fenômenos interessantes acontecendo:
1. Parece não ser verdade que esses aplicativos estão sendo usados só para encontros e sexo casuais. Um sociólogo americano foi estudar isso e constatou que, atualmente, os casais heterossexuais são mais propensos a conhecer um parceiro romântico no ambiente online do que por meio de contatos e conexões pessoais.
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2. Será que a experiência de conhecer alguém online é tão boa quanto pessoalmente? Tudo leva a crer que não. Primeiro, porque o gasto de tempo nessas plataformas é enorme. Uma pesquisa feita por um desses apps uns anos atrás apontou que as pessoas gastavam cerca de 1,5 hora por dia logadas, o que dá cerca de 10 horas, em média, por semana. Isso é um dia inteiro de trabalho. É muito.
Segundo, porque quase a metade das pessoas se diz frustrada com a experiência de encontrar alguém ali. São horas gastas na incansável rolagem de tela até haver um possível “match”. Tanto é assim que já existem dois termos para descrever esse cansaço: fadiga da decisão e esgotamento por aplicativos de namoro. Simplesmente 4 em cada 5 adultos disseram ser sentir esgotados emocionalmente com essa experiência, de acordo com dados de abril de 2022.
Será que vamos voltar só ao olho no olho? Não creio. Essas tecnologias vieram para ficar. Mas é possível que, logo, essas plataformas sejam substituídas por um um modelo híbrido. E isso já está acontecendo. Um aplicativo chamado Thursday (quinta-feira, em português) só funciona às 5as. Assim, você tem 24 horas para conhecer alguém online e marcar um encontro na vida real. Bacana, não?
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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