Um grupo de dermatologistas da Harvard Medical School identificou que a câmera dos computadores distorce alguns traços do nosso rosto, pois fica num ângulo e proximidade que dificilmente se reproduz na vida real. Ou seja, aquele rosto que vemos durante a reunião online não é o nosso rosto de verdade. Muitos dos defeitos que passaram a nos incomodar sequer existem.
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Estamos presenciando uma fase em que nós, dermatologistas, temos que orientar essas mulheres que devemos fazer os tratamentos visando à melhora da saúde da pele, pensando tanto no rejuvenescimento como na prevenção, e esquecer esses padrões de beleza que nos assombram.
Um estudo da Academia Americana de Cirurgiões Plásticos revelou que a motivação de 55% das pessoas que fizeram rinoplastias em 2017 foi o desejo de sair melhor em selfies. No Brasil, 20% dos jovens entre 15 e 25 anos realizaram a cirurgia conhecida como bichectomia pela vontade de ver o rosto mais fino nas selfies, e os procedimentos mais buscados nos consultórios são baseados nos filtros do Instagram: rinoplastia, preenchimento dos lábios, na região do blush e na mandíbula. Alguns pacientes nos trazem a foto dos seus rostos “filtrados” como referência do resultado esperado, o que é muito perigoso, porque jamais podemos prometer que o paciente irá ficar como se vê no filtro.
Vocês sabem que defendo uma beleza individualizada e natural, preservando as características únicas daquele paciente, sem grandes transformações ou exageros. Diante de qualquer procedimento estético é preciso que exista um alinhamento de expectativas em relação ao resultado esperado e, se for necessário, um acompanhamento multidisciplinar com setores da psiquiatria e da psicologia para entender se existem questões maiores de autoimagem, além de diminuir a ansiedade desse paciente, o que irá melhorar a sua qualidade de vida.
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Artigo publicado na edição 96 da revista Forbes, de abril de 2022.