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Para começo de conversa, é importante explicar que a infecção causada pelo vírus Monkeypox em seres humanos está sendo erroneamente chamada de varíola dos macacos. Primeiro, porque não se trata de uma varíola, doença já erradicada e que tinha taxa de 30% de mortalidade, bem diferente da baixa taxa de letalidade da doença atual, em que a maioria dos casos costuma ser simples de tratar. Segundo, porque os macacos não são os transmissores da doença, mas, sim, acidentalmente afetados, como os seres humanos. Essa confusão começou em 1958, quando o vírus foi isolado pela primeira vez. Para isso, os pesquisadores utilizaram um macaco cinomolgo, espécie natural da Ásia. Os verdadeiros hospedeiros do vírus, no entanto, são os roedores africanos. Fato é que a OMS já estuda renomear a doença, a fim de evitar preconceito contra as pessoas infectadas e até casos de maus tratos contra os macacos.
A última curiosidade da doença deve-se à confirmação do primeiro caso em cachorro – um galgo italiano de quatro anos que começou a apresentar lesões na pele 12 dias após os seus dois tutores serem diagnosticados com Monkeypox. O relato foi publicado no jornal científico francês The Lancet. Ainda não está claro se o caminho contrário pode acontecer, porém, a notícia é suficiente para que a gente reforce as medidas preventivas (uso de máscara, lavar bem as mãos, evitar o compartilhamento de itens pessoais, comer carne bem cozida e evitar contato com animais selvagens).
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.