Muitos jovens chegam à terapia confusos sobre por que não estão tendo um bom desempenho acadêmico, apesar de terem as habilidades para isso. Eles dizem coisas como:
- “Eu tirava boas notas em todas minhas provas até começar a faculdade, mas agora é como se eu não conseguisse ler uma única página sem me distrair.”
- “Aprender coisas novas sempre me atraiu. Por que ultimamente parece um fardo?”
- “Quero estudar e ter um bom desempenho, mas parece que meu cérebro pisou no freio. Quando vou voltar ao meu estado normal novamente?”
Se o seu desempenho acadêmico e interesse estão caindo, você pode estar passando por um burnout acadêmico. É importante observar aqui que o esgotamento acadêmico não é apenas caracterizado por um boletim ruim – as maiores perdas são a motivação e a capacidade de se concentrar e pensar criativamente.
Aqui estão duas maneiras de se proteger contra o burnout acadêmico, especialmente se você ainda tiver muitas matérias pela frente.
1. Lembre-se do seu “porquê”
A estrutura e o estresse de seu programa e ambiente acadêmico podem levá-lo a tornar-se mecânico em relação aos seus estudos. Por exemplo, em muitas culturas, pontuações acadêmicas baixas levam à vergonha e à repreensão. Os padrões sociais também podem levar os jovens a escolher caminhos acadêmicos contra sua vontade.
Em meio ao caos de aulas, provas e tarefas, é natural perder de vista por que você escolheu o caminho que está trilhando. Uma pesquisa publicada na Interdisciplinary Journal of Contemporary Research in Business confirma que o interesse intrínseco em seu assunto pode prevenir o burnout acadêmico.
Aqui estão algumas perguntas que você pode fazer a si mesmo para reacender a curiosidade que você já sentiu pelos seus estudos:
- O que há nos meus estudos que me deixa feliz ou alimenta minha paixão?
- O que eu desejo ter dominado até o final do meu programa?
- Como meu curso me ajuda a me aproximar da pessoa/profissional que eu quero me tornar?
Fazer a si mesmo perguntas diretas e pertinentes sobre seus próprios estudos pode parecer rudimentar, mas pode produzir informações importantes sobre o que o motiva, o que precisa mudar e em que ponto você deve fazer uma pausa e recalibrar.
2. Permita-se errar
Tentar obter um 10 em cada matéria de cada semestre pode ser o caminho mais curto para um burnout. Privar-se da oportunidade de experimentar e aprender com suas falhas geralmente custa mais do que não obter uma média perfeita.
Isso, no entanto, não significa que você deva ser pouco ambicioso ou sem foco – significa simplesmente que os acadêmicos perfeccionistas geralmente não entendem o ponto.
De acordo com um estudo publicado na Personality and Individual Differences, o perfeccionismo desadaptativo tem fortes correlações com o burnout acadêmico. Para evitar o esgotamento emocional e a hipersensibilidade às críticas causadas pelo perfeccionismo acadêmico, é preciso permitir-se cometer erros e aprender com eles.
Pode ser difícil se permitir deslizar de vez em quando, especialmente se você tiver tendências perfeccionistas. É por isso que outro estudo publicado na mesma revista científica indica o mindfulness como um escudo eficaz contra o esgotamento acadêmico.
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De acordo com o estudo, a atenção plena permite que você se desvincule do trabalho fora do horário de trabalho, o que dá às suas capacidades cognitivas tempo e espaço para se recuperar.
Citando uma pesquisa anterior, o estudo conceitua mindfulness em termos das cinco facetas a seguir, que podem ajudar a aliviar o estresse acadêmico:
- Não reatividade a experiências internas. Se uma nota ruim o leva a ignorar seus relacionamentos e virar noites seguidas em claro, a atenção plena pode ajudá-lo. Reações extremas acontecem quando você deixa sua experiência interior ditar seu comportamento, enquanto o mindfulness fornece uma janela de paz para tomar decisões saudáveis e informadas.
- Descrição. Quando você chama as tendências doentias pelo que elas são, isso dissipa o romantismo do boletim perfeito. Identificar e rotular o perfeccionismo desadaptativo ajudará você a perceber que os meios não justificam o fim.
- Não julgamento de experiências. Às vezes, saber que você lida com o estresse acadêmico de maneira desadaptativa pode levar a ainda mais vergonha, criando um ciclo vicioso. Aceitar sua experiência e suas reações com um estado de espírito neutro pode ajudá-lo a seguir em frente com racionalidade.
- Observação. Perceber como sua mente e seu corpo reagem ao intenso estresse acadêmico pode ajudá-lo a prever o que você pode fazer a seguir. Esta etapa requer autocompaixão e paciência, mas acabará levando a uma maior autoconsciência.
- Agir com consciência. Depois de entender seus gatilhos e padrões comportamentais, você estará preparado para fazer pequenas mudanças em sua vida. Isso pode ser feito por meio de horários de estudo melhores e mais leves, juntando-se a um grupo de estudo em vez de se isolar ou procurando apoio de um profissional de saúde mental.
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*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
(traduzido por Patrícia Junqueira)