CEO da Vitorinox conta como transformou o canivete em grife no Brasil

3 de janeiro de 2015

Quando se pensa em canivetes, é difícil não lembrar daquele famoso modelo de cor vinho com a cruz da bandeira suíça desenhada. O objeto, carro-chefe da Victorinox, é referência em todo o mundo. Mas Karl Kieliger, CEO da companhia no Brasil, quer tirar a impressão de que a marca fundada na Suíça se resume aos renomados instrumentos cortantes. O desafio do executivo de 42 anos é fazer o brasileiro entender que a Victorinox é uma marca de lifestyle.

Este ano, Kieliger começou a introduzir no país a categoria de roupas da grife, única que ainda não estava presente por aqui. Foi um começo tímido, afinal somente a linha de camisetas está disponível ao consumidor brasileiro. A novidade chegou com a abertura em abril da primeira loja própria no Brasil, localizada no Rio de Janeiro. Até então, a empresa atuava no país apenas em unidades multimarcas. Ao todo são 1.300 pontos de venda com produtos da Victorinox, sendo 150 especializados em relógios. Em até dois anos, a companhia pretende abrir três unidades próprias na cidade de São Paulo. Será nessa etapa que o executivo trará o segmento completo de roupas da marca, que conta também com jaquetas, coletes, cachecóis, entre outras peças.

Kieliger chegou à Victorinox como gerente de vendas e exportação em 2001, ano em que a marca lançou seu segmento fashion. Após seis anos, deixou a empresa para assumir uma posição semelhante na Calida, uma fabricante suíça de roupas. Em 2009, retornou a Victorinox como diretor de vendas e 30 meses depois, aos 38 anos, assumiu a presidência da companhia no Brasil. Como conseguiu se tornar CEO tão jovem? O executivo nascido na Suíça acredita que uma experiência anterior à Victorinox, no Peru, a serviço da Swico, uma fabricante de artigos para cozinha, tenha sido definitiva.

“Não foi o salário que me levou a trabalhar em outro país, mas sim o que essa experiência iria me proporcionar. Eu tinha apenas 25 anos quando decidi deixar a Suíça. Trabalhei quase quatro anos em Lima e essa iniciativa foi muita bem vista quando retornei ao meu país”, afirma. Como gerente de vendas na Victorinox, Kieliger quis ser responsável por mercados que lhe trouxessem mais desafios como o Leste Europeu e o Oriente Médio e sempre deixou claro seu interesse em um dia retornar à América Latina. Quando surgiu a oportunidade no Brasil, ele já era o mais cotado.

Em 2013, a Victorinox faturou R$ 21 milhões no país, um aumento de quase 17% em relação ao ano anterior. Os canivetes representaram 30% da receita; na sequência apareceram os relógios, com 24%; malas, 22%; cutelaria, 18%; e perfumes, 6%. Enquanto se acostuma a comandar uma loja própria e a voltar a vender roupas, Kieliger tem a missão de dar mais visibilidade à marca. Levou o compromisso tão ao pé da letra que conseguiu colocar o nome da Victorinox em um dos principais cartões-postais do Brasil, o bondinho do Pão de Açúcar.

Pelo que se tem notícia, a Victorinox é a primeira empresa a fazer propaganda (em forma de cartazes adesivados) no interior dos teleféricos. Com todos esses desafios pela frente, o executivo projeta um aumento de 15% no faturamento de 2014. No mundo, a companhia espera crescer entre 5% e 7% em cima da receita de US$ 550 milhões registrada em 2013. c