O mais famoso bolinho de chocolate, o brownie, é agora ilegal na Venezuela. O estado está enviando soldados às padarias do país para prender aqueles que desobedecerem às ordens. Só nesta semana, quatro padeiros foram presos por fazerem brownies e outros doces, enquanto o governo do presidente Nicolás Maduro ameaça assumir as padarias de Caracas como parte de uma nova “guerra do pão”.
Maduro enviou fiscais e soldados a mais de 700 padarias da capital nesta semana para garantir que 90% do trigo seja destinado à fabricação de pães – e impedir que a matéria-prima seja usada em bolos e doces mais sofisticados e caros. “Os homens presos estavam usando o trigo de forma abusiva em pães doces, croissants e outros produtos”, disse a Superintendência do Estado de Preços Justos à imprensa na quinta-feira (16).
Preços não são números aleatórios – são baseados na informação de quem quer o quê e quem fornece o quê. O que realmente está acontecendo na Venezuela é que as autoridades decidiram fixar o preço do trigo e do pão, mas não o preço de outros produtos feitos com o cereal, como o brownie. O resultado disso é que, agora, nenhum produtor, capitalista ou não, está disposto a produzir trigo no país. Portanto, é preciso importar.
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Os padeiros, então, têm um dilema em mãos. Podem fazer o pão e vender a um preço fixo, que está abaixo do custo de produção, apesar do escasso suprimento de trigo barato. Já os brownies, não tiveram seus preços fixados. Então, é claro que os profissionais e donos de padarias estão optando por eles, para que com o lucro possam pagar aluguel, funcionários, eletricidade e outras despesas fixas.
Essa é a importância dos preços. Eles equilibram a demanda e a oferta. Ao fixar os valores, a balança comercial se desestabiliza e leva o país a um cenário como o que a Venezuela está vivendo atualmente. Um país onde soldados prendem quem faz brownies.