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O estudo atribui a diversos fatores a previsão de um 2017 mais forte, incluindo gastos maiores de consumidores chineses (tanto no país quanto no exterior), além do aumento no turismo e na confiança do consumidor na Europa. Uma outra razão, que vai ajudar a redefinir o mercado de luxo na próxima década e além dela, é o “Millennial State of Mind” (“estado de espírito Millennial”, em tradução livre), que dá nome ao estudo.
“Desde a década de 1950, havia uma definição clara do que era a ‘vida dos sonhos’”, explica Claudia D’Arpizio, sócia da sede de Milão da Bain & Co e uma das autoras do estudo. “Formar-se em uma instituição de renome, ter uma carreira reconhecida e bem remunerada, casar e ter filhos em uma determinada idade e, eventualmente, tornar-se mais rico do que a sua família de origem. Isso também era refletido nos modelos de consumo, até mesmo porque alguns produtos eram uma maneira de representar a passagem por estágios da vida e as conquistas.”
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Segundo a especialista, para os Millennials esse paradigma é substancialmente diferente, pelo menos na maioria dos países desenvolvidos. Eles são a primeira geração a chegar à vida adulta em condições econômicas menos favoráveis do que seus pais. “Eles herdaram uma visão secular do mundo: ‘família’ e ‘religião’, por exemplo, não são mais elementos indispensáveis na vida de alguém, e sim apenas algumas das inúmeras possibilidades. Eles também são parte da revolução digital, o que leva a uma percepção diferente de ‘tempo’, ‘espaço’ e ‘possibilidades’. Tudo é possível, aqui e agora.”
Além disso, os Millennials normalmente dão mais valor a experiências do que a coisas, característica que também interfere no ato de comprar, seja de forma online ou em lojas físicas. Para as marcas, isso significa que a experiência de compras deve tornar-se imersiva, de maneira que o consumidor sinta que está vivendo a marca na loja. Caso contrário, por que ele sairia de casa para fazer compras?
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O “Millennial State of Mind” é, também, uma realidade mundial. “Sendo altamente digital e com uma renda disponível para investir em educação, viagens e conectividade, o consumidor de luxo Millennial é exposto a estímulos muito similares e pode participar das mesmas conversas e experiências globalmente”, diz Claudia. “Mesmo nos países que têm culturas historicamente menos abertas, os Millennials têm a oportunidade de dividir experiências com pessoas do mundo todo. Nenhuma cultura é impermeável para a onda Millennial.”
Por isso, todas as marcas de luxo têm trabalho a fazer. “Algumas estão indo melhor do que outras, mas aquelas que estão verdadeiramente liderando a maneira Millennial vêm de outras indústrias ou segmentos de preço”, diz Claudia. As grifes que estão bem posicionadas para capturar o mercado Millennial estão “fugindo dos velhos hábitos de consumo: parando de celebrar sua própria herança para celebrar as paixões dos consumidores; parando de olhar obsessivamente para seu passado para oferecer visões estéticas futuristas; parando de ‘gritar seu nome’ para possibilitar a expressão pessoal do consumidor; parando de ser fanática por pureza de marca para abrir-se a colaborações e contaminação”, explica.
Há, ainda, outro fator chave para esse estado de espírito Millennial – a geração é mais empreendedora do que a de seus pais. Se as marcas existentes não se adequarem a seus valores, eles criam as próprias. “Moda e luxo sempre foram um solo fértil para a criatividade e o empreendedorismo. Aqui, 1 + 1 definitivamente soma 3”, diz ela. “Eu acredito que nós estamos passando por uma fase de transformação na indústria de luxo tão forte quanto a que vimos ao longo das décadas de 1970 e 1980, quando grandes grifes estabeleceram as regras do jogo como as conhecemos hoje.”