Wal-Mart negocia venda de participação no Brasil

22 de janeiro de 2018
iStock

Ao longo de 2016, o Wal-Mart fechou pelo menos 10% de suas lojas no Brasil (iStock)

O Wal-Mart Stores está em negociações com a empresa de private equity Advent International e outros fundos para a venda de uma participação importante em suas operações no Brasil, informaram duas pessoas com conhecimento direto do assunto no domingo (21).

LEIA MAIS: Walmart se aproxima da Amazon.com em guerra de preços online

O Wal-Mart está sendo assessorado pelo Goldman Sachs & Co, segundo uma das fontes que falaram sob condição de anonimato. As outras empresas de private equity que estão avaliando o investimento na unidade brasileira são GP Investments e Acon Investments.

Representantes do Wal-Mart no Brasil, da Advent e da GP se recusaram a comentar o assunto. Goldman e Acon não responderam aos pedidos de entrevista.

Os negócios no exterior do Wal-Mart não são mais o motor de crescimento que já foram em meio à desaceleração econômica no Brasil e à concorrência de varejistas de desconto no Reino Unido.

Em 2016, o presidente-executivo do Wal-Mart, Doug McMillon, indicou aos investidores que já planejava rever as operações globais. Seus comentários provocaram especulações de que o Wal-Mart procuraria reestruturar ou mesmo se retirar de mercados onde têm tido dificuldades. O Brasil estava entre os países mais citados pelos analistas como um alvo potencial.

Ao longo de 2016, o Wal-Mart fechou pelo menos 10% de suas lojas no Brasil, assim como negócios não essenciais em toda a América Latina. Também vendeu seu negócio de comércio eletrônico na China para a empresa de comércio eletrônico JD.com e comprou uma participação no JD.com, em vez de tentar ingressar no mercado por conta própria.

VEJA TAMBÉM: Walmart testa nos EUA entrega de alimentos direto na geladeira dos clientes

Uma saída parcial do Wal-Mart do Brasil vem no momento em que a vice-presidente de operações, Judith McKenna, assume o controle da unidade internacional do maior varejista do mundo. O movimento daria ao novo parceiro uma chance de fazer uma mudança na operação brasileira que tem lutado para se tornar lucrativa.

O Wal-Mart entrou no Brasil em 1995 e cresceu para se tornar a terceira maior rede varejista do país depois de duas grandes aquisições em 2004 e 2005 e de um período de rápida expansão de lojas que foi interrompido em 2013.

Atualmente, opera 471 lojas no Brasil, de acordo com o site local da empresa. A unidade brasileira da rede varejista relatou receita de quase R$ 30 bilhões em 2016.

O Wal-Mart registrou prejuízo operacional no Brasil por sete anos seguidos, depois da expansão agressiva de uma década, que deixou a empresa com lojas em locais ruins, operações ineficientes, problemas trabalhistas e preços não competitivos, informou a Reuters no início de 2016.

E MAIS: Walmart vai investir R$ 1 bi em reforma de lojas no Brasil

Uma das pessoas com conhecimento do negócio disse que as operações do Wal-Mart no Brasil não melhoraram nos últimos dois anos, que coincidiram com a recessão mais dura do país em décadas.

O varejista começou a sondar possíveis investidores para a unidade brasileira há vários meses, mas os rivais não mostraram interesse, levando a empresa a buscar fundos de private equity, disse a fonte.

A empresa pretende manter uma participação na unidade brasileira para poder recuperar parte de suas perdas no país mais tarde, se uma recuperação econômica e operações reestruturadas impulsionarem os resultados, disse a fonte.

As vendas do varejo no Brasil estão começando a se recuperar da recessão, tendo subido 5,6% ante o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Serasa Experian.