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Uma das mais recentes novidades nesse cenário é a Moeda. A startup, criada no ano passado em Nova York, tem uma plataforma de microcrédito que usa blockchain e uma criptomoeda chamada MDA para conectar investidores às populações sem bancos em países emergentes.
Segundo a executiva, o sistema atual não é favorável às cooperativas e investidores. Muitas dessas empresas, a maioria localizada em áreas rurais, têm dificuldade de conseguir empréstimos, especialmente as mulheres. Geralmente, elas conseguem dinheiro por meio de programas governamentais, mas a burocracia se prova impenetrável. E mais: mesmo quando elas conseguem recursos, não recebem assistência técnica.
Para os investidores, o problema é confiar no sistema, especialmente devido aos recentes casos de corrupção no Brasil.
Com isso em mente, a Moeda decidiu usar a tecnologia blockchain, muitas vezes descrita como um livro-caixa aberto, para criar uma plataforma por meio da qual investidores podem rastrear facilmente projetos de forma transparente. O resultado da iniciativa é que todas as atividades são acessíveis, não podem ser apagadas e você sabe se o seu dinheiro está indo para o lugar certo. “Ao longo dos anos, eu vi investidores considerarem empresas sociais brasileiras um risco. A confiança é importante, especialmente em um país como o Brasil, e o blockchain nos permite nutrir essa confiança”, diz Taynaah.
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Segundo Taynaah, os recursos vêm de uma grande rede de investidores – 841 para ser específico. A maioria é formada por chineses jovens, entre 22 e 28 anos, com uma longa história de negociação e investimento no Brasil e interessada em combinar impacto e investimento.
Em agosto, Taynaah e seus colegas arrecadaram US$ 20 milhões ao longo de duas semanas. Metade desse valor foi direcionado para o financiamento de projetos. A empresa já investiu em 18 deles, com valores entre U$ 50 mil e US$ 300 mil. Um empréstimo de US$ 55 mil foi destinado à Hope Valley, uma cooperativa de abóbora e yucca com uma década de existência localizada em Formosa (GO). O dinheiro ajudou a pagar por um sistema de irrigação e equipamentos de processamento de alimentos. Devido ao investimento, a cooperativa é capaz de produzir cinco vezes mais do que antes, segundo Taynaah. Além disso, o número de contratos para escolas públicas cresceu de 30 para 90.
Toda essa história começou em março do ano passado, quando Taynaah organizou um hackathon patrocinado pela ONU com foco na aplicação da tecnologia blockchain para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da entidade, onde também atuou como juíza. Uma das equipes participantes apresentou o conceito básico da Moeda e ganhou. Intrigada com a ideia, Taynaah se aproximou dos vencedores, Isa Yu e Brad Chun, e sugeriu que eles começassem uma empresa real, usando o prêmio em dinheiro para lançar a startup.
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