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O braço direito de longa data de Elizabeth, Sunny Balwani, de 52 anos, também está sendo acusado de fraude, embora não esteja mais na empresa.
As supostas mentiras se acumulam. De acordo com a entidade que regulamenta o mercado norte-americano de capitais, a Theranos disse, em 2010, a uma empresa identificada como “Pharmacy A” – mas que, claramente, trata-se da Walgreens, segunda maior operadora de farmácias dos Estados Unidos – que seria capaz de realizar quase qualquer exame de sangue em suas máquinas até o fim daquele ano, utilizando gotas retiradas de picadas no dedo dos pacientes, em vez de agulhas. No ano seguinte, os executivos da farmácia começaram a se preocupar com o fato de que o dispositivo de Elizabeth talvez precisasse ser aprovado pela agência federal Food and Drug Administration (FDA). Mas não se deram conta da escala de sua decepção.
Em 2013, ano em que o miniLab – nome da máquina da Theranos – deveria ser lançado na “Pharmacy A”, ele não estava nem perto de estar pronto. Foi quando Balwani e Elizabeth ordenaram que seus engenheiros começassem a usar máquinas de outras empresas, de formas não autorizadas, para analisar amostras coletadas das picadas nos dedos dos pacientes, diz a denúncia. Ao que tudo indica, a Theranos nunca foi clara sobre isso com os executivos da cadeia farmacêutica.
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As apresentações da companhia para os investidores dependiam fortemente do carisma de Elizabeth. Mas a denúncia da SEC também diz que eles receberam pastas com relatórios que pareciam ter sido escritos por empresas farmacêuticas que haviam trabalhado com a Theranos, mas que, na verdade, haviam sido elaborados pela própria Theranos.
Há ainda a questão que preocupou os executivos da Walgreens: se a Theranos precisava ou não da aprovação do FDA (similar à Anvisa no Brasil). Elizabeth dizia repetida e insistentemente que a empresa não era obrigada a tê-la, mas que estava buscando o registro como parte de sua estratégia. Mas, segundo a SEC, o FDA teria sinalizado, em 2014, que os testes da companhia precisavam sim de aprovação – mais um exemplo de que um processo de comunicação mais transparente e público entre a agência e as empresas traria inúmeros benefícios aos investidores.
Elizabeth provavelmente não vai ficar rica com esse esquema devido a um fato percebido por FORBES há algum tempo: seus investidores preferiram ações, e a avaliação de mercado da Theranos teria de passar dos US$ 750 milhões antes que a participação da executiva valesse qualquer coisa. A decisão da SEC de aceitar o acordo é um indicativo de que a Theranos vale muito menos do que isso. Os investidores enganados, em algum momento, avaliaram a companhia em incríveis US$ 9 bilhões. E essa era toda a fonte do patrimônio de Elizabeth.
No fim, a SEC classifica o esquema como extraordinariamente descarado, e enfatiza que não importa quão espertos sejam os investidores em relação às empresas privadas – eles correm muito mais risco do que os acionistas de empresas públicas, obrigados a contratar auditores e lidar com o controle detalhado de seus negócios. Elizabeth Holmes se apresentava como uma revolucionária da tecnologia. No fim, ela era qualquer coisa menos isso.
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