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As companhias ainda precisam definir a participação final da Boeing em uma joint venture que será criada para reunir a divisão de aviação comercial da Embraer, que deverá ser de pouco mais de 80%, afirmaram duas fontes. Segundo elas, o governo brasileiro também está buscando assegurar que a Embraer, que manteria suas divisões de defesa e aviação executiva, retenha capacidade de engenharia para projetar e construir novos aviões.
Um grupo de trabalho formado por representantes dos ministérios da Defesa e Fazenda, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Força Aérea Brasileira, entre outros, tem se reunido semanalmente para encontrar uma solução para a complexa criação da joint venture.
“Ainda falta muito chão para essa solução”, disse uma das fontes. “A operação não é fácil, é bem complexa, mas está andando. Mas não está na iminência de sair”, completou.
Na véspera, o jornal “O Globo” publicou que a expectativa era que um acordo fosse aprovado na próxima semana. As ações da Embraer, que subiam hoje (12), inverteram de sinal e passaram a recuar depois da publicação pela Reuters de que um acordo não é iminente.
Na semana passada, o presidente-executivo da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, já tinha classificado a operação como “complexa” e evitou citar prazos para uma conclusão depois de ter informado, no início do ano, que esperava um resultado das negociações ainda neste semestre. Ele negou na ocasião que o processo eleitoral fosse um obstáculo para as negociações.
A divisão de aviação comercial da Embraer representa 60% da companhia. Nesta quinta-feira, durante evento com a companhia aérea norueguesa Wilderoe, o presidente da divisão comercial da Embraer, John Slattery, não comentou as discussões sobre potencial acordo com a Boeing.
“Ainda faltam questões técnicas, comerciais e políticas para serem construídas”, disse uma segunda fonte, que também pediu anonimato. “Se o acordo sair, vai precisar de mais tempo. Não tem como ser agora.”
“O plano da Boeing era comprar a Embraer, mas aí veio o veto do Ministério da Defesa. Eles fizeram uma nova proposta de compra sem incluir a Embraer Defesa. Veio um novo veto. Mas tinha que encontrar uma solução já que a Embraer Defesa não fica de pé sozinha”, disse a fonte.
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Para solucionar o problema, em março a Boeing chegou com uma nova oferta que propunha criar uma joint venture com a parte de aviação comercial da Embraer. “Ficariam de fora a Embraer Defesa, aviação executiva e talvez parte da comercial”, revelou a fonte. “Essa parece ser uma proposta mais viável”, acrescentou.
Ao ser questionada se a reforma ministerial poderia afetar o ritmo das tratativas, a fonte disse que ainda não afetou, mas reconheceu que os norte-americanos estão ansiosos.
“Eles queriam para ‘ontem’, mas têm que aguardar os processos”, disse. “Se tiver uma definição em 30 dias, aí as empresas vão ter que sentar para tentar ou não costurar um acordo”, disse.