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Provavelmente é hora de mais empresas de alimentos e bebidas adaptarem sua linha de produtos à nova realidade. Duas companhias – de setores distintos – já voltaram seus esforços para essa possibilidade. Atualmente, a 4 Pines Beer, fabricante australiana, e a Saber Astronautics, norte-americana cuja missão é encurtar as barreiras para a conquista do espaço por meio da tecnologia, estão em fase de criação da primeira cerveja espacial do mundo.
Inicialmente, Mitchell achava que a ideia era “louca e brilhante, em partes iguais”. Mas, como um ávido amante do espaço com uma mente curiosa, ele imediatamente aceitou ir em frente. Junta, a dupla nomeou a cerveja de Vostok, uma reverência à nave espacial de 1961 dirigida por Yuri Gagarin, e trabalhou incansavelmente por oito anos (e contando) para viabilizar o projeto.
Obviamente não foi fácil. De acordo com os fundadores, para alcançar as três qualidades-chave que o cervejeiro mestre possui – absorção de álcool, conforto e paladar -, houve uma série de desafios impostos pela gravidade zero.
Primeiro, gases e líquidos não se separam no espaço. As bolhas se agrupam e formam uma grande bola de gás cercada por uma casca de cerveja, o que cria uma condição embaraçosa (ainda que inofensiva) chamada “arroto molhado”, em que o gás e o líquido saem juntos. Por isso, qualquer bebida gaseificada – cerveja ou refrigerante – pode causar desconforto.
Em segundo lugar, a cabeça naturalmente incha quando não há gravidade para acumular sangue nos pés, o que resulta em falta de sensibilidade na língua e capacidade reduzida de distinguir os sabores.
Portanto, para fazer uma cerveja que atenda aos padrões universais de Mitchell, a dupla precisaria criar uma maneira de reduzir a carbonatação o suficiente para que, ao apreciar a bebida, a pessoa se sinta confortável. E, ao mesmo tempo, fortalecer o sabor que complementa as bolhas menores.
Outra consideração importante é a embalagem. Sem gravidade, conseguir fazer com que a pessoa coloque a cerveja na boca é um desafio. A tensão superficial faz a cerveja grudar na garrafa – em vez de ir a outro lugar. Mitchell inevitavelmente se perguntava: “Como tirar a cerveja da garrafa sem precisar apertar ou sugar com um canudo?”.
Depois da preparação e das dificuldades técnicas preliminares resolvidas, a empresa começou a procurar fabricantes para o produto no final de 2017. Até agora, a equipe gastou mais de US$ 250 mil. Com base na recente campanha de financiamento coletivo na Indiegogo para a Vostok, é possível saber que a produção terá custo superior a US$ 1 milhão. Até o momento, foram arrecadados quase US$ 30 mil, aproximadamente 3% da meta estipulada.
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De acordo com o Dr. Held, os quesitos cobertos pelo custo são design industrial, instrumentos e fabricação. Não estão incluídas aí as despesas com a pesquisa e o desenvolvimento adicionais para o bocal da garrafa e com voos parabólicos, caso a equipe enviasse 50 pessoas para provar a cerveja.