Ultrapar corta investimentos para 2018

3 de maio de 2018

Grupo espera margens melhores depois de um 1º trimestre fraco

O grupo Ultrapar, que tem negócios que vão de varejo farmacêutico a produtos químicos, deve cortar investimentos em 2018 na ordem de 20% em praticamente todas as áreas, depois de enfrentar um primeiro trimestre de expansão da economia abaixo do esperado conjugado com alta do endividamento.

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O diretor financeiro da Ultrapar, André Pires, disse em teleconferência com analistas hoje (3) que o endividamento da companhia atingiu um teto no fim de março após o pagamento de multa contratual de R$ 286 milhões decorrente da não aprovação pelo Cade da aquisição da Liquigás.

Pires afirmou ainda que espera que as margens da divisão Ipiranga, de postos de combustível, e da Oxiteno, fabricante de produtos químicos, subam a partir do segundo trimestre.

As ações da Ultrapar despencavam quase 10% às 13h11, destaque negativo do Ibovespa, que cedia 1,44%. A cotação do papel era de R$ 54,17, menor nível desde 2016.

A Ultrapar divulgou na noite de ontem (2) que encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 72,9 milhões, quase 80% menos do que um ano antes. A relação de endividamento sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu para 2,41 vezes, ante 1,53 vez no fim de março de 2017.

“O nível de recuperação da economia está atrasado e aquela expectativa de crescimento de Ebitda que tínhamos no ano passado para a Ipiranga [principal negócio da Ultrapar] está atrasada também, mas ainda acreditamos que os resultados deste ano serão melhores que os do ano passado”, disse Pires.

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Segundo ele, as vendas em mesmos postos da Ipiranga, abertos há pelo menos 12 meses, ficaram negativas no primeiro trimestre, mas o executivo afirmou que a companhia tem “muitos” postos em fase pré-operacional que devem ajudar a melhorar os resultados nos próximos trimestres.

De 2016 a março deste ano a Ipiranga adicionou à sua rede 798 postos de combustíveis, mas as vendas em volume no período caíram de 5,9 milhões para 5,46 milhões de metros cúbicos.

Esse desempenho fez com que os analistas questionassem Pires, mais de uma vez durante a teleconferência, sobre a direção da estratégia da Ipiranga, principalmente diante de performance melhor de rivais como a Raízen, dos grupos Cosan e Shell, que entre 2016 e 2017 elevou sua rede de postos em 579 unidades, enquanto os volumes de vendas ficaram praticamente estáveis.

Pires respondeu que a Ultrapar está focada na seletividade de investimentos para melhor geração de caixa, que a empresa não tem problema no relacionamento com revendedores da rede de postos e que o crescimento das vendas está sendo atrasado pela recuperação mais lenta da economia.

Segundo ele, o primeiro trimestre “talvez tenha sido o pior momento” na fase de transição do mercado de combustíveis do país, que ainda se ajusta à nova política de preços da Petrobras. “A tendência é de melhora de volumes de venda e no ambiente competitivo a partir do segundo trimestre”.

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Questionado se a Ultrapar tem planos para vendas de ativos, Pires afirmou que desinvestimentos não estão no radar. Disse ainda que a saída de André Covre como diretor superintendente da rede de farmácias Extrafarma, anunciada na teleconferência, foi tomada por decisão do executivo, que busca novas oportunidades.

Pires afirmou que a Ultrapar tem condições de aproveitar eventuais oportunidades de aquisições e não pretende elevar a remuneração aos acionistas em relação ao nível atual, de 58% a 60% do resultado.