Cielo tem queda de 18% no lucro

31 de julho de 2018
Cielo tem queda de 18% no lucro - Getty Images

O número de transações de contas pagas por meio dos terminais da Cielo no trimestre foi 5,9% menor do que no mesmo período do ano passado.

Uma nova rodada de queda no volume de transações com cartões de débito e nas receitas com antecipação de recebíveis fizeram a Cielo registrar queda no lucro do segundo trimestre, com a líder no mercado de meios de pagamentos no Brasil sofrendo crescente concorrência no setor e gastando mais para defender mercado.

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A Cielo informou nesta segunda-feira (30) que seu lucro ajustado do período somou R$ 817,5 milhões, recuo de 17,8% ante mesma etapa de 2017. A companhia também anunciou que vai pagar R$ 3,5 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio referentes a este ano.

O desempenho operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi R$ 1,147 bilhão de abril a junho, queda de 10,3% na comparação anual. A margem Ebitda seguiu a trajetória já longa de declínio, caindo seis pontos percentuais ano a ano, para 39,2%.

O volume de transações de contas pagas por meio dos terminais da Cielo no trimestre foi 5,9% menor do que em igual etapa do ano passado, movimento puxado pelo recuo nas operações com cartão de débito.

Além de lidar com a lenta recuperação da economia doméstica, a Cielo também enfrentou os efeitos da greve dos caminhoneiros, em maio, que impactaram “negativamente os números”, embora a empresa não tenha detalhado o impacto.

A base de terminais de pagamentos (POS) da empresa caiu 1,77 milhão para 1,6 milhão em 12 meses encerrados em junho. A queda não foi maior devido ao início da venda de terminais Stelo, para microempreendedores. O movimento reflete em parte o esforço da Cielo de se concentrar em clientes maiores, limpando da base clientes que movimentam menos e dão pouca receita.

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Consequentemente, além da queda na captura de transações, a Cielo teve no segundo trimestre uma queda anual de 29,4% na aquisição de recebíveis, para R$ 405,2 milhões. Isso porque grandes clientes demandam menos antecipação de recursos.

Além da queda na receita, as despesas operacionais subiram 14,2%, para R$ 428,3 milhões, com um salto de 105,5% nos gastos com vendas e marketing.

Os números chegam poucos dias após o diretor-presidente da Cielo, Eduardo Gouveia, ter surpreendido o mercado ao anunciar a renúncia ao cargo no último dia 13, após um ano e meio no comando da companhia, alegando questões familiares. Clovis Poggetti Junior, vice-presidente de finanças e de relações com investidores, acumula o cargo interinamente.

A saída se deu num momento de forte pressão sobre a Cielo, diante da multiplicação de rivais no mercado de meios eletrônicos de pagamentos e de ações regulatórias do Banco Central destinadas também a ampliar a concorrência.

Apesar da pressão concorrencial, a Cielo afirmou em seu relatório de resultados que a saída de Gouveia “em nada muda os passos a serem dados pela companhia” e que “trabalha para sustentar a sua liderança”.

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Falando à Reuters, Pogetti Junior afirmou que a empresa já vendeu 100 mil unidades dos terminais da Stelo, o que já ajudou a base total de equipamentos da empresa a subir entre abril e jnho, a primeira alta em 10 trimestres.

O executivo revelou ainda que a partir de agosto a Cielo passará a vender cartões pré-pagos para atender comerciantes de pequeno porte e microempreendedores. “Com isso vamos atender principalmente clientes que não têm conta bancária”, disse o executivo.

Segundo ele, o mercado de meios de pagamentos segue sofrendo os efeitos da elevada ‘mortalidade de clientes’, pequenos lojistas que fecham as portas, especialmente devido ao cenário ainda adverso da economia.