Embraer espera converter cartas de intenção de Farnborough

31 de julho de 2018
Divulgação

Além disso, Embraer está “avançando bastante” na elaboração dos contratos para venda do controle de sua divisão de jatos comerciais para a Boeing

A Embraer espera converter em pedidos firmes grande parte das cartas de intenção de compra de aviões da empresa assinadas durante a feira britânica de aviação de Farnborough, afirmou hoje (31) o vice-presidente financeiro da empresa, Nelson Salgado.

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Segundo o executivo, essa conversão em pedidos firmes deverá elevar a carteira de pedidos até o final deste ano. A Embraer assinou na feira britânica, há duas semanas, cartas de intenção envolvendo até 300 aviões, dos quais 100 unidades do modelo E-175 para a norte-americana Republic Airways, que ainda acertou direitos de compra de mais 100.

Salgado afirmou ainda que a Embraer está “avançando bastante” na elaboração dos contratos definitivos para venda do controle de sua divisão de jatos comerciais para a norte-americana Boeing. A empresa assinou memorando de entendimento com a Boeing no início deste mês.

A conclusão do negócio depende ainda de aprovação de autoridades que incluem o governo brasileiro e acionistas das empresas. Na véspera, a Embraer informou que é alvo de uma ação popular que pede suspensão das negociações com a Boeing. O processo foi proposto pelos deputados petistas Paulo Pimenta (RS), Carlos Zarattini (SP), Nelson Pellegrino (BA) e Vicente Cândido (SP).

As ações da Embraer subiam cerca de 3% às 10h48, revertendo perdas do começo da sessão, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,82%.

Salgado afirmou que a Embraer não considera que um incidente ocorrido em maio durante testes em um dos protótipos do cargueiro KC390 possa afetar as perspectivas para o acordo com a Boeing.

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A empresa divulgou hoje que a entrega do primeiro cargueiro para a Força Aérea Brasileira (FAB) passou deste ano para 2019 em função do incidente, que também obrigou a empresa a reconhecer um estorno de cerca de US$ 100 milhões em receita que derrubou o faturamento da unidade no segundo trimestre.

“Não vemos o incidente como algo que possa significar algo negativo para a Embraer, faz parte da vida neste tipo de negócio”, disse Salgado durante teleconferência com jornalistas. Ele explicou que episódio com o protótipo, em que o avião saiu da pista de testes sofrendo danos em trens de pouso e na fuselagem, fez a empresa usar o primeiro modelo que seria entregue à FAB para concluir os testes do avião e que, por isso, a primeira aeronave a ser despachada para a FAB será a quarta montada pela companhia.

“O protótipo dois continua voando normalmente. Ele fez seis demonstrações de voo em Farnborough. [O incidente] foi uma questão operacional relacionada ao planejamento do ensaio e isso está demonstrado pela utilização do avião”, disse Salgado.

Sobre descontentamentos manifestados por alguns acionistas minoritários sobre o acordo com a Boeing, o executivo afirmou que a transação, em que a companhia norte-americana terá 80% da divisão de aviação comercial da Embraer, “vai trazer ganhos operacionais e vai beneficiar todos os acionistas”.

“Não há cenário de oferta pública de aquisição ou alteração de controle da Embraer na nossa interpretação”, acrescentou.