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Speranzini, que foi uma das 20 pessoas presas no início do mês passado na Operação Ressonância, da Polícia Federal, foi denunciado à Justiça por suspeita de integrar organização criminosa e fraudar licitações, de acordo com a denúncia divulgada pelo MPF.
O ministro substitui a prisão de Speranzini por medidas cautelares, incluindo a proibição de manter contato com os demais investigados e a proibição de deixar o país.
Os crimes investigadores teriam ocorrido quando Speranzini era presidente da Philips Medical Systems no Brasil (2004 a 2010), mas os procuradores dizem que o executivo se manteve atuando junto a integrantes da organização criminosa até 2015, portanto também após ter ingressado na General Electric.
O esquema, segundo as autoridades, envolveu dezenas de empresas que pagavam subornos a autoridades de saúde em troca de ajuda para inflar preços de uma série de equipamentos médicos, como máquinas de ressonância magnética e próteses.
De acordo com os procuradores, Speranzini participou no cartel primeiro como chefe da operação da Philips, quando um delator interno informou ao escritório de compliance da empresa sobre a fraude e ele foi demitido após uma investigação interna.
Dois meses após ser dispensado pela Philips, Speranzini foi contratado pela GE Healthcare e avançou na liderança da empresa, tornando-se presidente-executivo para América Latina.
Entre os outros denunciados pelo MPF estão autoridades da área de saúde do Rio de Janeiro, intermediários e operadores do esquema, empresários e funcionários das companhias envolvidas, incluindo o supervisor de vendas da Philips à época dos fatos investigados, Frederik Knudsen.
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“O esquema criminoso envolveu a participação de dezenas de empresas que, por meio de cartel, fraudaram por décadas procedimentos licitatórios, lesando a concorrência e superfaturando preços de insumos médicos”, disse o MPF na denúncia apresentada à Justiça. “As investigações também revelaram a participação de funcionários públicos que agiam de forma coordenada em benefício das empresas integrantes do grupo criminoso, de modo a permitir a máxima arrecadação de recursos pelas empresas cartelizadas e a reversão de parte significativa desses contratos a título de propina para servidores públicos dos mais diversos órgãos e escalões”, acrescentou.
Procuradas hoje, GE e Philips não responderam de imediato aos pedidos de entrevista.
A Philips afirmou, também à época da deflagração da operação Ressonância, que os atuais líderes executivos da companhia não eram parte da ação da PF, que data de “muitos anos atrás”.
A Reuters não conseguiu localizar o advogado de Speranzini.