Petrobras quer produzir 10% mais petróleo em 2019

17 de setembro de 2018
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Petrobras tenta reduzir sua dívida bilionária

A Petrobras tem como objetivo elevar a produção de petróleo de 8% a 10% no ano que vem, para cerca de 2,3 milhões de barris por dia (bpd), e reduzir sua dívida em US$ 10 bilhões, diz o diretor-executivo financeiro e de relacionamento com investidores da estatal, Rafael Grisolia. A petroleira mais endividada do mundo está a caminho de reduzir a dívida para US$ 69 bilhões até o final deste ano. “Se você olhar para os nossos concorrentes diretos e pares como Chevron, Exxon e BP, precisamos procurar uma estrutura de capital mais leve”, disse Grisolia. Segundo ele, o plano é cortar a dívida em 2019 para chegar numa razão de 2 vezes a dívida líquida pelo Ebitda.

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A empresa reduziu significativamente sua dívida líquida em relação aos US$ 106 bilhões de 2014, quando destinou montantes elevados para financiar o desenvolvimento de enormes campos de petróleo no pré-sal.

Posteriormente, a Petrobras perdeu a confiança do investidor à medida que os preços do petróleo caíram, um escândalo de corrupção atingiu a empresa e as perdas na área de abastecimento aumentaram.

A empresa continuará cortando dívida até que a proporção dívida líquida/Ebitda atinja entre 1 e 1,5 vez, destaca o executivo, o que colocaria a companhia em linha com suas pares do setor de petróleo no mundo. A empresa deve atingir uma proporção de 1,5 vez em 2020 como parte do próximo plano de negócios de cinco anos, embora isso dependa dos preços internacionais do petróleo e de outras variáveis, como a taxa de câmbio.

Nos próximos cinco a seis anos, uma vez que tenha atingido as metas de reestruturação de dívida, a Petrobras pode considerar investimentos estrangeiros para facilitar as exportações resultantes do aumento da produção dos campos do pré-sal, diz Grisolia. A empresa pode investir em terminais no exterior para receber gás natural liquefeito (GNL), o que ajudaria o Brasil a exportar mais gás, segundo o executivo.

A Exxon Mobil, BP e Shell estão entre as empresas que planejam investir bilhões de dólares no desenvolvimento de reservas em águas profundas no Brasil. Estima-se que o Brasil deva responder por uma grande parte do aumento na produção global de petróleo e gás de países não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

 

Preços do petróleo ajudam

A companhia espera que a sua produção de petróleo aumente em cerca de 8% a 10% no próximo ano, a partir da base de cerca de 2,1 milhões de barris por dia (bpd) em 2018, afirma Grisolia. Isso deve contribuir para o aumento da receita, destacou o CFO.

Os preços do petróleo subiram para máximas de três anos e meio recentemente, à medida que as ofertas globais se tornaram mais apertadas.

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Preços mais altos do petróleo do que os estimados pela empresa em 2018 aumentaram a receita e permitiram que a Petrobras atingisse sua meta de redução de dívida, disse ele. Isso compensou US$ 7 bilhões em vendas de ativos que a Petrobras esperava receber este ano, acrescentou o executivo.

A empresa já recebeu US$ 5 bilhões em vendas e receberá outros US$ 2 bilhões antes do final do ano. “Todo o desinvestimento e dinheiro do desinvestimento ajudará, mas nós não precisamos necessariamente deles para atingir a meta de US$ 69 bilhões até o final do ano”, destacou.

 

Subsídios ao diesel

Em maio, um protesto dos caminhoneiros em todo o país contra preços crescentes do diesel paralisou a maior economia da América Latina e forçou o governo a baixar os preços do diesel por meio de cortes de impostos e subsídios.

Isso prejudicou o preço das ações da Petrobras, já que os investidores ficaram preocupados sobre a possibilidade de a empresa perder novamente dinheiro para subsidiar as vendas de combustível.

A empresa espera receber de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões de subsídios da reguladora de petróleo do país, a ANP, dentro de duas semanas, para compensar o fato de estar segurando as cotações nas refinarias, disse Grisolia.

Subsídios tornaram menos lucrativo para o setor privado a importação de diesel, segundo Grisolia, mas algumas compras externas do produto continuam, e ele não prevê qualquer escassez de combustível.