Educação a distância: um modelo que só cresce

4 de março de 2019
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Os alunos de educação a distância são quase 1,8 milhão

O preconceito contra a educação a distância (ou EAD) parece estar com os dias contados no país. De acordo com o censo EAD.BR, feito pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), 2017 registrou um número recorde de matriculados: 7.773.828. Os cursos que têm ampliado seu número de alunos são os de nível superior e de pós-graduação lato sensu, segundo o relatório. O Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirma a tendência: enquanto o ensino presencial apresentou queda nas matrículas, a EAD registrou um crescimento de 17,6% de 2016 para 2017. Os alunos dessa modalidade são quase 1,8 milhão, ou 21,2% do total de matriculados em todo o Ensino Superior.

Com o aumento da demanda, a oferta de cursos de alto nível, claro, também cresceu. Instituições renomadas apostam cada vez mais, com sucesso, em modelos de EAD para pós-graduações e MBAs. Comodidade, economia de tempo e flexibilidade, que permitem estudar em qualquer lugar e horário, são os principais atrativos para pessoas que têm carreiras mais consolidadas. “Hoje, entre graduação e pós, temos cerca de 30% dos alunos em sistema EAD e 70% presencial. Há quatro anos, só 10% estudavam a distância”, diz Pedro Regazzo, diretor de Ensino a Distância da Adtalem Educacional (grupo responsável pelas marcas Ibmec, Damásio e Wyden). “Nessa projeção, vamos atingir 50% a 50% em 2022. Mais do que uma tendência, a educação a distância já está acontecendo.” No Ibmec, há nesse modelo 32 cursos de curta duração (os de extensão) e cinco MBAs, dos quais participam 2 mil alunos: em gestão de negócios (o mais procurado), em finanças, em gerenciamento de projetos, em gestão do agronegócio e em direito agrário e ambiental.

“As pessoas pensavam nele como algo mais barato, não tão eficaz, que não favorecia a interação. Por experiência, digo que hoje nosso curso é para quem quer um MBA da Fundação, mas tem dificuldade de deslocamento ou de tempo”, diz Mary Murashima, diretora de gestão acadêmica da FGV Educação Executiva. Por lei, o certificado do curso EAD é o mesmo do presencial. Os programas são iguais, os professores também. A FGV conta com cinco MBAs online. Em 2017, 2.343 alunos participaram dele – em 2016 eram 1.864. O curso prevê encontros presenciais na abertura, para avaliações a cada nove semanas e no encerramento. O modelo para 2019 vai mudar: três deles serão substituídos por pós-graduações. “As pós terão foco em áreas técnicas específicas, como marketing, projetos e finanças”, diz.

Uma das críticas ao modelo online, em especial aos MBAs, é o fato de não favorecer o networking. Percepção rechaçada pelos especialistas ouvidos pela FORBES. “No nosso modelo, colocamos em turmas virtuais alunos de diferentes lugares do país, o que aumenta o networking. Além disso, o grupo é mais heterogêneo e, portanto, mais rico”, afirma Mary.

Criador do Descomplica, o empresário Marco Fisbhen é um entusiasta do modelo de educação online. Além do foco nos vestibulares e no Enem, ele oferece outras modalidades. Este ano, a startup de educação – que dobra de tamanho todo ano, tem 5 milhões de visitantes únicos por mês e mais de 250 mil alunos inscritos – passou a contar com pós-graduação em pedagogia e MBAs em gestão de negócios, gestão de negócios digitais, gestão escolar e marketing estratégico digital. “As vantagens do modelo são inúmeras. A qualidade, por exemplo, é uma delas: podemos recrutar os melhores professores do Brasil, gravar com eles e disponibilizar para o país todo. Numa sala, a aula é a mesma para todo mundo. No ambiente virtual, os conteúdos podem ser adaptados à demanda e divididos em básico, intermediário e avançado”, diz Fisbhen, que teve sua empresa eleita em 2017 como a terceira mais inovadora da América Latina.

Reportagem publicada na edição 63, lançada em novembro de 2018