Huawei deve perder 50% das vendas sem os serviços do Google

22 de maio de 2019
Chesnot/Getty Images

Samsung será uma das principais beneficiadas com a ausência do Android nos dispositivos da concorrente

Resumo:

  • A ausência do Android nos dispositivos Huawei limita seu comércio ao mercado da China, que responde por metade das vendas da empresa;
  • Mesmo que continuem com o sistema operacional do Google, a Huawei terá smartphones desatualizados;
  • O Apptoide, loja portuguesa de aplicativos, é uma das opções para sanar parte do problema.

Qualquer alternativa ao Google é um risco em potencial. Independentemente de qual sistema a Huawei apresente em contrapartida ao ecossistema digital do Google, é provável que haja uma perda quase total de participação nos mercados fora da China.

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Agora que a Huawei não terá mais acesso ao ecossistema do Google, as especulações se voltam para qual alternativa ela pode ser capaz de criar. A empresa não perderá o acesso ao sistema operacional Android, mas o Google não fornecerá seus serviços proprietários, executados em cima dele.

É na impossibilidade de acesso aos serviços que está o problema. Consequentemente, não é uma alternativa ao Android que a Huawei precisa desenvolver, são os serviços em si, e isso representa um grande problema, já que existem dois estágios para a decisão de compra do smartphone:

1. iOS ou Android: O ecossistema digital nos mercados desenvolvidos está tão maduro que a decisão de compra do usuário é impulsionada principalmente por responder à pergunta: “Eu vivo minha vida digital com a Apple ou com o Google?”. É essa decisão de qual sistema operacional usar que complica as coisas para a Huawei.

2. Versão do Android: Uma vez que uma decisão foi favorável a comprar um dispositivo com sistema Android, pensa-se sobre o preço, a tela e a câmera, mas isso é secundário. E é justamente nesse ponto que a Huawei disputa com seus concorrentes. Por isso, a Apple e o Google ganham a maior parte do dinheiro envolvido na venda de smartphones, deixando os fabricantes de aparelhos Android com as sobras.

Atualmente, a Huawei envia 50% de seus smartphones para mercados fora da China e, para conseguir concorrer de igual para igual, precisa que seu dispositivos tenham os serviços do Google instalados. Se os dispositivos não tiverem, não haverá uma vantagem impactante.

Uma possibilidade é a Huawei incluir uma loja de aplicativos de marca branca, como o Apptoide, em seus dispositivos, onde todos os serviços do Google podem ser encontrados, baixados e instalados no dispositivo após sua venda. O Apptoide é de Portugal, portanto, não haverá problemas com a Huawei. Esta é uma solução viável para o problema, mas pesquisas mostram que apps instalados de fábrica funcionam melhor, têm instalação mais fácil e configuração padrão.

Há também um risco considerável de os usuários não entenderem essa diferença: verem um dispositivo sem serviços do Google e descartá-lo em favor das muitas outras alternativas com o sistema Android. Consequentemente, voltar a ter os serviços do Google em seus dispositivos deve ser a prioridade número um para a Huawei, pois qualquer outra alternativa pode resultar em uma perda de metade de seu negócio de smartphones.

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A Huawei acaba de lançar a série Honor, seus mais recentes dispositivos, com serviços do Google neles. Por isso, a empresa tem cerca de 90 dias para resolver esse problema antes que ele comece a doer financeiramente. Isso é crucial, pois a paralisação nas importações e a disponibilidade também podem prejudicar a confiança do usuário na marca.

Infelizmente para a Huawei, há muitas alternativas boas e a preços excelentes na concorrência. O principal beneficiário potencial seria a Samsung. Isso ocorre por conta da força da marca e do poder de crescimento e distribuição em escala, suficientes para atender à nova demanda, em caso de fracasso da Huawei.

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