Plano do Softbank para o Vision Fund 2 é atingido por fracasso do WeWork

4 de outubro de 2019
Issei Kato/Reuters

Softbank ainda está determinado a avançar com o Vision Fund 2

O fundador e presidente-executivo do SoftBank Group, Masayoshi Son, está tendo dificuldades para captar dinheiro para um segundo fundo de investimento em tecnologia após a fracassada oferta pública da empresa do WeWork e da queda no valor de outros grandes investimentos, de acordo com duas pessoas familiarizadas com a situação.

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Son ainda está determinado a avançar com o Vision Fund 2, apesar de alguns terem pedido um adiamento, disseram à Reuters as duas pessoas com conhecimento das discussões internas do SoftBank. É provável que o fundo seja muito menor, pelo menos no início, do que os US$ 108 bilhões que o SoftBank disse que tinha alinhado quando anunciou o fundo em julho, disseram as fontes.

Grandes investidores ainda não embarcaram no projeto, deixando um compromisso de US$ 38 bilhões do próprio SoftBank como o único grande investimento, de acordo com as fontes. E o tamanho desse investimento pode estar sendo questionado, dado alguns dos recentes contratempos que o Softbank sofreu e a falta de dinheiro disponível em seu balanço patrimonial, de acordo com uma análise da Reuters.

O Vision Fund e o SoftBank Group se recusaram a comentar a situação do Vision Fund 2.

A implosão no valor do WeWork e os questionamentos sobre seu modelo de negócio prejudicaram a reputação de Son como um investidor experiente e apontam para uma grande redução de valor do primeiro Vision Fund. O SoftBank e o Vision Fund juntos investiram mais de US$ 10 bilhões na empresa, investindo parte disso em um cenário no qual a empresa do WeWork foi avaliada em US$ 47 bilhões em janeiro. Mas o WeWork abandonou recentemente os planos para uma oferta pública inicial que teria avaliado a empresa em apenas US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões.

Se o segundo fundo ficar muito aquém do objetivo de Son ou for descartado, terá amplas implicações para os investidores do Vale do Silício e empreendedores de Wall Street.

O primeiro Vision Fund, que levantou US$ 97 bilhões, transformou o mundo dos investimentos em tecnologia com enormes apostas em empresas em rápido crescimento, mas não comprovadas. Foi maior do que o valor agregado arrecadado por toda a indústria de capital de risco dos EUA em 2018, dando à Son uma enorme influência sobre o mercado de empresas iniciantes.

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Os céticos dizem que os problemas no WeWork e o fraco desempenho no mercado de empresas que perdem dinheiro, como a Uber e a Slack, provocarão uma grande queda no valor das numerosas empresas iniciantes chamadas de unicórnios, que valem mais de um bilhão de dólares.

“A radiação está se espalhando por toda parte”, disse Scott Galloway, um autor e empresário que leciona na Universidade de Nova York e que tem acompanhado de perto a turbulência do WeWork.

Certamente, há investimentos nas mais de 80 empresas que o Vision Fund financiou e que parecem estar se pagando rapidamente. A empresa de entregas DoorDash, por exemplo, disparou em valor, pelo menos no papel, de US$ 1,4 bilhão em março passado para US$ 12,6 bilhões em maio. O SoftBank, que detém cerca de um terço do Vision Fund, divulgou em julho um retorno de 62% de seu investimento, incluindo taxas de gestão e desempenho.

Son também tem um histórico de grandes retornos: os 20 milhões de dólares que investiu no Alibaba da China em 2000 valem agora mais de US$ 100 bilhões, por exemplo. A maioria dos analistas classificam o SoftBank como “compra” e dizem que ele ainda tem capacidade de pegar empréstimos, e sua unidade de telecomunicações e internet de propriedade majoritária gera lucros saudáveis.

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