Com foco em sustentabilidade, surgem desde soluções simples, como o serviço de aluguel de bicicleta comum, até aquelas mais sofisticadas, como os veículos elétricos. Além de beneficiar o meio ambiente, o uso do transporte individual reduz engarrafamentos de automóveis e combate o sedentarismo.
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A utilização de bikes e patinetes é feita principalmente na last mile – última milha, ou seja, o trecho final percorrido pelas pessoas no trajeto diário, que geralmente não é suprido pelo transporte coletivo e precisa ser feito a pé. “A escolha do modal combina três dimensões: a ambiental, voltada para a saúde das pessoas; a social, a respeito de uma tarifa justa e inclusiva; e a econômica, para a sociedade como um todo”, explica Roberto Gregório, vice-presidente de mobilidade urbana do Instituto Smart City Business America.
É nesse contexto que as startups de micromobilidade chamam a atenção de investidores e criam seu império. O exemplo mais excepcional de todos é o da Bird – operadora de bike e patinete elétrico que não chegou ao Brasil ainda. A empresa, que completará dois anos em setembro, está presente em mais de 120 cidades ao redor do mundo.
Em fevereiro, quando foi eleita “Empresa do Ano” pela revista “Inc”, ela já havia realizado mais de 10 milhões de corridas em seu aplicativo. Seu fundador, Travis VanderZanden, revelou à publicação que sua receita anual ultrapassou os US$ 100 milhões em novembro de 2018. Além disso, a startup recebeu um financiamento de US$ 415 milhões em seus primeiros 14 meses de vida, o que a ajudou a se espalhar ainda mais pelo globo. Assim, a Bird conseguiu o status de unicórnio mais rápido do que qualquer outra startup na história. Antes de completar um ano, seu valor foi estimado em mais de US$ 2 bilhões pelo site “Pitchfork” – para se ter uma ideia, o Airbnb demorou três anos para conseguir alcançar a marca do US$ 1 bilhão; a Uber demorou quatro.
Recém-chegada ao Brasil, ela começou a operar patinetes elétricos no início de julho em São Paulo e Rio de Janeiro com um parceiro importante: o GPA. Com o acordo firmado, veículos da Lime passaram a ser disponibilizados em algumas lojas das bandeiras do grupo.
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O mercado, no entanto, não é composto só de startups: empresas já estabilizadas apostam cada vez mais em micromobilidade. A operadora Jump, lançada em 2010 como a primeira no negócio de compartilhamento de bikes, foi vendida em 2018 para a Uber por US$ 200 milhões. A Lyft também não ficou de fora e, em 2018, expandiu seu portfólio de mobilidade para os patinetes elétricos.
Em geral, há um grande movimento do mercado em direção à micromobilidade. Segundo relatório da Stylus Brasil, feito com base em dados de 2016 da consultoria Navigant Research, as vendas globais de bicicletas elétricas devem atingir US$ 24,4 bilhões até 2025.
A RENTABILIDADE DO NEGÓCIO
Apesar da efervescência, a rentabilidade do serviço de aluguel de patinetes pode ser questionada. “A conta não fecha”, comenta Andrea. Um apontamento da consultoria mostra que a vida útil média de um patinete é de 28,8 dias – um período claramente curto. A estimativa é baseada em um levantamento do site “Quartz”, de março de 2019, que estudou os primeiros 129 patinetes da Bird na cidade de Louisville (EUA), em agosto de 2018.
Em simulação para a Forbes, o diretor de franquias da operadora de patinetes FlipOn, Rodrigo Costa, faz o seguinte cálculo: um patinete realiza, em média, oito viagens por dia, a um tíquete médio de R$ 8. Isso dá uma arrecadação diária de cerca de R$ 64 – ou R$ 2 mil por mês. Como um patinete custa, aproximadamente, R$ 3.200, o retorno sobre o investimento demoraria 50 dias para acontecer. Mas, lembrando que a vida útil do veículo é de 28,8 dias…
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As empresas rebatem essa conta e afirmam que a realidade é outra: a vida útil é mais longa do que a apontada pelo levantamento mencionado. Um relatório obtido com exclusividade pela Forbes junto a uma fonte da Grow que pediu anonimato informa que os patinetes em circulação duram em média quatro meses, e que a nova geração pretende dobrar ou até triplicar essa perspectiva “com maior duração de bateria, peças antivandalismo e melhor possibilidade de rastreamento”.
“O carro deixou de ser o sonho do brasileiro” Andrea Bisker, head da consultoria Stylus BrasilO MERCADO NO BRASIL
Entre polêmicas relacionadas à segurança dos usuários, não dá para negar que as operadoras estão marcando presença nos centros urbanos brasileiros. Além da Lime, alguns dos principais nomes no cenário são Yellow, Grin, Scoo e FlipOn.
A Yellow foi lançada em 2018 pelos brasileiros Ariel Lambrecht e Renato Freitas, que também cofundaram a 99. Em janeiro deste ano, a empresa anunciou a fusão com a mexicana Grin, também lançada em 2018, formando a Grow. Cada uma já havia arrecadado US$ 75 milhões antes da união. Juntas, elas contaram com uma linha de financiamento adicional de US$ 150 milhões. Em junho deste ano, a Grow, presente em 23 cidades, comemorou 10 milhões de corridas realizadas por seus 6 milhões de usuários. Enquanto isso, as novatas Scoo e FlipOn ainda exploram oportunidades de negócio, sendo a primeira completamente voltada para parcerias corporativas.
Reportagem publicada na edição 70, lançada em agosto de 2019
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