O CEO Sundar Pichai tem chance de redefinir a cultura do Google

15 de janeiro de 2020
ReproduçãoForbes

Pichai reconheceu os erros do Google e introduziu novas políticas e procedimentos para lidar com investigações de assédio

Em agosto, a ex-funcionária do Google Jennifer Blakely escreveu um relato angustiante de como ela foi afastada do emprego depois de ter um filho com o diretor jurídico da empresa, David Drummond. Seu post confrontou “os empresários mulherengos, comuns entre alguns executivos (mas certamente não todos), começando do topo”.

Seis meses depois, esse legado distorcido no mais alto escalão da companhia está começando a desaparecer.

Drummond, cujo relacionamento com funcionários estava sendo examinado como parte de uma investigação do conselho sobre o tratamento de má conduta sexual pela empresa, está deixando a Alphabet nesta semana. Em comunicado ao Buzzfeed em agosto, o executivo se descreveu como “longe de ser perfeito”, mas negou iniciar um relacionamento com qualquer outra pessoa que estivesse trabalhando no Google ou na Alphabet (ele teria se casado com uma atual funcionária do Google em setembro).

Sua saída segue um acerto de contas público tumultuado sobre a cultura permissiva no local de trabalho da empresa e dá ao novo CEO Sundar Pichai a chance de moldar as atitudes internas da empresa e seguir adiante.

Depois que um artigo do “New York Times”, no segundo semestre de 2018, expôs como a empresa protegeu executivos poderosos, incluindo Drummond, de alegações de má conduta, mais de 20 mil trabalhadores deixaram seus escritórios em todo o mundo. Desde então, Pichai reconheceu os erros do Google e introduziu novas políticas e procedimentos para lidar com investigações de assédio. Alguns colaboradores entenderam que o fato de Drummond ter continuado na empresa era uma prova de que a companhia não havia realmente mudado.

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Drummond foi um dos últimos membros da velha guarda do Google e a terceira figura mais poderosa da Alphabet, com um histórico documentado de relacionamentos com colegas de trabalho ou casos extraconjugais, a sair em menos de um ano. O ex-CEO Eric Schmidt, que supostamente contratou uma amante para trabalhar como consultora de empresas e ganhou reputação de “playboy”, renunciou ao cargo em junho; Sergey Brin, que teve um caso extraconjugal com uma funcionária em 2014, renunciou ao cargo de presidente em dezembro. Nenhum deles falou publicamente sobre seus relacionamentos.

Pichai, que ganhou o controle diário da Alphabet quando Brin e o cofundador Larry Page deixaram suas posições em dezembro, agora tem a oportunidade de reformular tanto o alto escalão como a narrativa sobre a cultura da empresa.

No Twitter, outros funcionários atuais e ex-funcionários destacaram o fato de que Drummond não recebeu bônus de saúda, ao contrário do fundador do Android Andy Rubin, que supostamente recebeu US$ 90 milhões ao deixar a empresa, apesar das acusações de agressão sexual credíveis contra ele (Rubin negou irregularidades na época da denúncia).

“A verdadeira questão é: por que demorou tanto tempo?”, disse um ex-executivo que pediu para permanecer anônimo, sobre a saída de Drummond. Eles disseram que levaria um tempo para ver se Pichai seria capaz de remodelar a identidade interna da empresa agora que ele havia descartado os vestígios finais da antiga equipe executiva.

Enquanto ele agora administra Google e Alphabet, Brin e Page mantêm a maioria das ações com direito a voto da empresa.

Laurence Berland, um dos quatro líderes de funcionários demitidos em dezembro, estava pessimista sobre a mudança significativa no relacionamento da empresa com seus funcionários.

“Enquanto isso, a epidemia de retaliação contra trabalhadores continua”, escreveu ele no Twitter. “Seja para organizar ou denunciar maus-tratos, o Google não é seguro para os trabalhadores. Ainda há uma longa luta pela frente.”

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