O contrato de venda com o fundador da Admix, César Antunes da Silva, incluía cláusulas que previam o pagamento pela Aon de até R$ 150 milhões dois anos depois da conclusão do negócio se determinadas metas de receita fossem alcançadas. Outros R$ 80 milhões ficaram retidos em uma conta “escrow”, uma providência normal em aquisições para garantir problemas posteriores à compra.
Citando declarações supostamente “fraudulentas” e omissões de César Antunes da Silva no processo, a Aon se recusou a pagar em 2018 os valores adicionais nem a liberar os valores restantes na conta escrow, e decidiu pedir ao menos R$ 200 milhões em prejuízos numa arbitragem.
Ambos saíram da Aon desde o negócio. Zern deixou a empresa durante uma reestruturação global em outubro do ano passado e Pereira se aposentou em janeiro deste ano.
Na época, a Admix tinha 1,4 milhão de beneficiários que trabalhavam em 6.700 empresas brasileiras. Anualmente a empresa negociava R$ 2 bilhões em prêmios de seguros saúde e benefícios.
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A Aon também está pedindo aos juízes da arbitragem para reavaliar a Admix, considerando potenciais irregularidades na inclusão de beneficiários em planos de saúde.
A arbitragem, cujos detalhes até agora não eram públicos, está registrada na International Chamber of Commerce sob o número 24146/GSS.
A Aon alega que a Admix não informou ao comprador sobre o cancelamento de um alto número de contratos com a empresa de planos de saúde Unimed, embora os advogados do fundador da Admix afirmem que a maior parte dos clientes foi transferida para outras corretoras da Admix.
A Aon também acusa a Admix de não ter informado sobre processos trabalhistas. Advogados da Aon e de César da Silva preferiram não comentar o assunto, dizendo que a arbitragem é confidencial.
Uma das acusações da Aon na arbitragem é que um dos maiores corretores da Admix estaria intimidando testemunhas, porque o corretor pediu explicações na polícia sobre declarações de funcionários da Aon que o acusaram de fraude em depoimentos dentro da arbitragem. O corretor, Nadjair Diniz Barbosa, e seus advogados preferiram não comentar o assunto.
A Aon não revelou a arbitragem em suas demonstrações financeiras do ano passado como fez com outras discussões judiciais e arbitragens na Nova Zelândia e Estados Unidos e investigações por autoridades antitruste na Europa. A Aon se recusou a explicar porque não incluiu a arbitragem nas demonstrações financeiras.
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