Natura &Co vê retomada gradual na Ásia e Europa

8 de maio de 2020
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Agora que as lojas começaram a reabrir na Ásia e Europa, executivos da Natura & Co temem que América Latina seja a próxima região atingida

A Natura &Co vê sinais de recuperação nas operações da Ásia e de alguns países na Europa, conforme as lojas começam a reabrir gradualmente depois de paralisações causadas pelo novo coronavírus, disseram executivos da empresa hoje (8), alertando que a pandemia tende a atingir mais duramente os negócios na América Latina a partir de agora.

“O ambiente continua sendo desafiador, com as medidas de distanciamento social e de lockdown ainda tendo impacto nos nossos negócios, particularmente na América Latina”, disse o presidente-executivo do conselho, Roberto Marques, em uma teleconferência nesta manhã sobre os resultados.

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A Natura &Co decidiu suspender projeções de receita e Ebitda para 2022 devido à falta de visibilidade, mas Marques garantiu a analistas e investidores que o grupo tem uma posição financeira sólida para atravessar a atual crise. Além da posição de caixa de R$ 4,6 bilhões ao final de março, a fabricante de cosméticos garantiu uma linha de crédito de R$ 750 milhões e seu conselho ainda aprovou aumento de capital de até R$ 2 bilhões mediante emissão de ações ordinárias a R$ 32 por papel para subscrição privada.

“Isso nos dá confiança para atravessar a crise em eventual piora do cenário, mas caso melhore nós podemos investir até mais cedo em áreas que queremos estrategicamente avançar em crescimento”, explicou o executivo em entrevista concedida à Reuters por telefone.

Uma delas é a transformação digital, na qual a Natura está dobrando as apostas depois de um aumento de mais de 250% nas vendas online totais durante a pandemia. O comércio eletrônico da Natura e Avon combinadas cresceu acima de 150% nas últimas semanas, enquanto o da marca britânica The Body Shop disparou mais de 300% e o da Aesop mais de 500%. “Mesmo com a reabertura de lojas na Ásia e em alguns países da Europa, a resposta ao nosso comércio eletrônico tem sido incrível e não esperamos que as vendas online voltem ao ritmo observado antes da crise”, afirmou Marques.

Outro foco é a combinação de negócios com a Avon que, segundo ele, está evoluindo mais rápido do que o esperado. Os custos relacionados à transação – anunciada em maio de 2019 e concluída em janeiro passado – pesaram no balanço do primeiro trimestre, levando a um prejuízo líquido de R$ 820,8 milhões e ofuscando o tímido crescimento da receita consolidada. As ações da Natura caíam 1,26%, a R$ 35,99, após uma manhã volátil em que chegaram a recuar mais de 4% depois de subirem quase 3% na abertura.

Analistas do BTG Pactual citaram “sentimentos mistos” em relação à empresa. “Em geral, mantemos o nosso rating em neutro devido aos desafios de revitalização da marca The Body Shop, enquanto aguardamos sinais mais claros da recuperação da Avon antes de assumirmos uma visão mais construtiva sobre o investimento”, escreveram os analistas Luiz Guanais e Gabriel Savi em relatório.

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O líder financeiro da Natura &Co, José Filippo, disse que o impacto de custos transacionais para aquisição da Avon tendem a ser menores nos próximos meses. A Natura elevou a previsão das sinergias totais a serem capturadas com a combinação de negócios até 2024 para a faixa de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões, ante US$ 200 milhões a US$ 300 milhões esperados em janeiro.

A nova previsão é baseada em um câmbio de R$ 5 por dólar e inclui sinergias de receita de US$ 90 milhões a US$ 120 milhões, de acordo com Marques.

O executivo ressaltou que a empresa planeja levar a marca Natura para países da América Latina onde apenas a Avon opera e também vem trabalhando duro em iniciativas de venda cruzada tanto para consultores de vendas quanto clientes.

A empresa agora prevê gasto de US$ 190 milhões para alcançar essas sinergias, acima dos US$ 125 milhões esperados anteriormente.

(com Reuters)

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