Itaú nega ter mirado a XP em campanha publicitária

25 de junho de 2020
Reprodução comercial Itaú

Para Constantini, a campanha não tem o objetivo de atacar a concorrência, mas sim promover a cultura operacional da instituição e o debate

Na tarde de hoje (25), o Itaú Unibanco promoveu uma live no YouTube para falar sobre conflito de interesses em carteiras de investimento. O assunto, que segue quente após o lançamento da polêmica campanha publicitária da instituição financeira, tem gerado debates e troca de farpas entre o banco e as corretoras, em particular, a XP Investimentos – da qual o Itaú detém 49,9%.

Durante a conversa entre Carlos Constantini, diretor executivo de wealth management and services (WMS) do Itaú, e Felipe Wey, diretor do Itaú Personnalité, a dupla esclareceu pontos da campanha e abordou temas como conflito de interesses em investimentos, relação com a XP Inc, suitability, perfil do investidor e prateleira dos produtos oferecidos pelo banco.

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Para Constantini, a campanha não tem o objetivo de atacar a concorrência, mas sim promover a cultura operacional da instituição e o debate. “O foco é mostrar nossa proposta de valor e como fazemos investimento. Isso ajuda a acertar nas decisões. A peça não é contra nada especificamente, é para estimular uma conversa adulta sobre investimentos: falar sobre reserva de emergência e perfil de risco do cliente. Somos um banco de cabelos brancos, temos seriedade e qualidade para fazer negócios”, disse o executivo.

Sobre o ponto mais sensível da campanha – o conflito de interesses que o banco sugere na operação das corretoras e agentes autônomos -, Constantini diz que a questão é inerente ao trabalho do profissional. “A operação vai pender para o que gera o retorno maior para o gestor da carteira. Isso é quase a definição de conflito de interesse. Não é sobre a índole da pessoa. É sobre o modelo de incentivo que gere o trabalho dela.”

O executivo reforça que a gestão das carteiras operadas pelo banco erradica o conflito porque o produto não interfere na remuneração do profissional. “Não faz diferença para o analista se o investimento rende mais ou menos para o banco. Essa é uma inverdade que por muito tempo não foi entendida. Nosso especialista vai ser remunerado se trouxer mais dinheiro do cliente e se o cliente estiver satisfeito com a carteira e com o serviço”. Constantini explica que a palavra-chave na operação do Itaú é o suitability, ou seja, a adequação do que o cliente tem na carteira ao risco que ele está disposto a correr.

Quando questionado se o banco oferece apenas produtos próprios ou fundos que pagam mais à instituição, Constantini afirmou que a renda gerada por eles não tem ligação com os gestores de carteiras e reforça: “Nossa prateleira está aberta desde 2017 e 80% dos nossos produtos estão disponíveis para todos os clientes que quiserem investir a partir de R$ 1”. E completa: “Parte do meu dia de trabalho é revertido em trazer produtos de terceiros para o nosso portfólio”.

Sobre a fatia de 49,9% de participação na XP, Constantini alega que os investimentos do banco em nada interferem ou têm relação com a operação dos gestores de carteira do Itaú. “A relação com a corretora não chega no dia a dia da operação. A XP é um competidor grande, que respeitamos e que tem um modelo diferente de atuação comparado ao nosso.” Segundo ele, em 2019 o banco contratou 70 profissionais autônomos ou vindos de corretoras: “Eles são muito bem-vindos”.

Na tarde de ontem (24), a Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (Abaai) enviou ao Itaú uma notificação extrajudicial com pedido de retratação no prazo de 24 horas, em decorrência da campanha publicitária veiculada na terça-feira durante (23) a exibição do Jornal Nacional.

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