A Arcadia, o império varejista de Sir Philip Green e sua família, tornou-se uma das maiores vítimas da pandemia de Covid-19. Na segunda-feira (30), a empresa pediu concordata em Londres, após um fim de semana de especulações de que as empresas de Green estavam à beira do colapso.
Um comunicado da empresa de contabilidade Deloitte, que está lidando com a falência (ou “administração”, como é chamado no Reino Unido), confirmou que a Arcadia (que inclui mais de 400 filiais de varejistas sob as marcas Topshop/Topman, Miss Selfridge, Burton, Dorothy Perkins, Evans e Wallis) agora trabalhará com a Deloitte para “avaliar todas as opções” e proteger o negócio de seus (muitos) credores enquanto busca compradores em potencial.
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“Este é um dia incrivelmente triste para todos os nossos colegas, bem como para nossos fornecedores e muitas outras partes interessadas”, disse Ian Grabiner, CEO da Arcadia, em um comunicado. “Ao longo deste período extremamente desafiador, nossa prioridade tem sido proteger empregos e preservar a estabilidade financeira do grupo, na esperança de podermos enfrentar a pandemia e sair lutando do outro lado. No final das contas, no entanto, em face das condições comerciais mais difíceis que já experimentamos, os obstáculos que encontramos foram muito severos.”
Neste momento, o destino dos 13 mil funcionários da Arcadia ainda não está claro. Mais de 9.000 colaboradores da empresa já foram dispensados.
A vida na quarentena
Não houve uma saída milagrosa desta vez para Green, cujo império de varejo sofreu durante a pandemia à medida que marcas online mais ágeis como Asos e Boohoo conquistaram o outrora fiel exército de jovens compradores da Topshop.
O bilionário do varejo Mike Ashley supostamente ofereceu à Arcadia US$ 66 milhões em fundos de emergência no último domingo (29). Mas, de acordo com o Frasers Group, a oferta foi “recusada”. Em vez disso, Green espera encontrar um acordo que lhe permita manter o controle dos ativos mais valiosos do império, como a Topshop.
O lento declínio da Arcadia, que começou muito antes da pandemia, não terá um efeito imediato no patrimônio líquido de Green. A Forbes estima que ele e sua esposa, Christina Green, valham US$ 2,3 bilhões, mesmo depois que a firma americana de investimentos em private equity Leonard Green vendeu sua participação de 25% na Topshop por apenas US$ 1, em 2019. No ano passado, o veterano do varejo britânico Richard Hyman disse à Forbes que o grupo “não possuía valor além do preço de liquidação de seu estoque.” Felizmente para os Greens, a maior parte de sua riqueza provém de um dividendo de US$ 2,1 bilhões (£ 1,2 bilhão) que eles se pagaram em 2005, durante os dias de glória de seus negócios. Green disse ao “Guardian” na época que o dividendo vinha de um empréstimo de sete anos e meio para a Arcadia, e não era um “dinheiro esquisito e misterioso”.
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O casal pode, no entanto, acabar usando sua fortuna pessoal para pagar algumas contas da Arcadia –assim como foi forçado a fazer em 2017, em meio a críticas sobre o fato de Green deixar a rede de lojas de departamentos do Reino Unido BHS incapaz de cumprir débitos, tendo vendido a a empresa por £ 1 em 2015. Ele acabou pagando US$ 461 milhões ao governo para resolver a questão.
Foi uma longa jornada para um magnata que já esteve no ápice da indústria da moda e foi nomeado cavaleiro pelo primeiro-ministro Tony Blair em 2006 por “serviços ao varejo”. Em seu auge, Green se sentou na primeira fila dos desfiles da London Fashion Week com a supermodelo Kate Moss e Anna Wintour da “Vogue”. Mas a polêmica logo apareceu, e nos últimos 18 meses Green foi confrontado com acusações de extorsão de fornecedores, bullying e agressão sexual (que ele negou e mais tarde foram retiradas).
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