Café robusta tem menor valor em 10 meses no Brasil apesar de colheita lenta, diz Cepea

7 de junho de 2022

 

SÃO PAULO (Reuters) – As cotações do café robusta/conilon no Brasil atingiram os patamares reais (já deflacionados) mais baixos desde agosto de 2021, à medida que a oferta aumenta com a colheita da safra 2022/23, de acordo com avaliação do Cepea nesta terça-feira.

Neste início de junho, o indicador do robusta tipo 6, peneira 13 acima, voltou a fechar abaixo dos 700 reais/saca de 60 kg, apesar de a colheita estar com ritmo mais lento do que o usual para o período, em meio a dificuldades de contratação de trabalhadores.

Nesta terça-feira, a saca fechou a 692,26 reais –a retirar no Espírito Santo, versus 708,25 reais da mesma data da semana anterior.

“Apesar de o recuo dos valores estar mantendo o volume de negócios limitado, cafeicultores ainda têm vendido lotes menores, a fim de custear a colheita”, disse o relatório.

“Além disso, o volume de café novo nas mãos de produtores começou a aumentar apenas no fim de maio.”

O Cepea chamou atenção para a dificuldade de contratação de catadores no Espírito Santo, principal estado produtor de conilon.

“A escassez da mão de obra tem, inclusive, atrasado as atividades, resultando até mesmo em perdas de qualidade em grãos mais maduros em algumas lavouras”, comentou.

A consultoria Safras & Mercado havia apontado o problema com a mão de obra no início de maio.

Segundo dados do Cepea, a colheita no Estado capixaba está entre 25% e 35% do total, inferior aos 35% a 45% colhidos no mesmo período da temporada passada (2021/22).

Já em Rondônia, as atividades estão entre 50% e 60%. Nesse Estado, os trabalhos também estão mais lentos neste ano –em junho do ano passado, já haviam sido colhidos de 60% a 70% dos grãos temporada 2021/22. No caso, o atraso está atrelado à maturação mais tardia da colheita em 2022.

Quanto à colheita do café arábica, as Matas de Minas (Zona da Mata) atingiram índices entre 15% e 20% do volume total, sendo a região mais adiantada.

No Noroeste do Paraná, em Garça (SP) e no Sul de Minas, enquanto algumas praças ainda estão no começo, outras já estão mais avançadas nas atividades. Assim, a colheita está entre 5% e 15% nas três praças.

Por fim, no Cerrado Mineiro e na Mogiana, esse volume colhido está entre 5% e 10%, segundo o Cepea.

“Ressalta-se que também há reclamações referentes à contratação de colhedores na maior parte das regiões produtoras de arábica, o que pode estar influenciando no ritmo mais lento da colheita nesta safra”, disse o relatório.

Além disso, foram registradas chuvas em algumas lavouras, o que também dificultou a entrada de colhedores no campo e pode ter comprometido a qualidade dos lotes iniciais, disse o Cepea.

(Por Roberto Samora)