Akon quer trazer projeto de energia sustentável, bem-sucedido na África, ao Brasil

7 de dezembro de 2015

Divulgação

Há mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo sem acesso à energia elétrica. Este número foi divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao lançar 2015 como o Ano Internacional da Luz. Onde muitos veem a necessidade de criação de projetos sociais, outros enxergam possibilidades de empreendedorismo. O rapper Akon viu os dois.

Em 2013, o músico senegalês juntou-se ao amigo de infância Thione Niang para fundar o projeto Akon Lighting Africa (AFA), uma parceria público-privada (PPP) que tem como objetivo levar luz elétrica a lugares carentes do continente por meio de energia solar. Agora, eles querem trazer a iniciativa para a América Latina, a começar pelo Brasil. “Os países são diferentes, mas os problemas são os mesmos”, argumenta Niang.

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Chamado Akon Lighting Latin America (ALLA), o projeto tem três pilares: acesso à energia elétrica por meio de instalações de postes públicos com tecnologia solar ou de microgeradores e kits domésticos; pré-financiamento de iniciativas voltadas ao tema; e capacitação de profissionais para a criação de empregos locais.

Em visita a São Paulo, onde se reuniu na tarde desta segunda-feira (7) com o prefeito Fernando Haddad e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, Akon explica que o principal desafio para o projeto é o financiamento. Embora tenha um forte cunho social, “é uma empresa que visa o lucro, não a caridade”. Por isso, as parcerias são tão cruciais. “Era um sonho meu há anos, mas não tinha recursos”, explica o rapper. “Thiane me apresentou alguns contatos.” Um dos interessados foi a multinacional de energia Solektra, de Samba Bathily, que acabou tornando-se uma das principais parceiras do AFA.

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Para convencer autoridades e investidores locais a acreditarem na iniciativa, eles usam pequenas cidades como piloto. “Assim que o presidente, ou seja lá quem esteja no comando, escolhe um local, nós vamos até lá e criamos acesso à energia para toda a vila com o nosso dinheiro”, explica Akon. “Desta forma, eles podem ver como funciona, ver a qualidade [do serviço], como trabalhamos com as pessoas e como ensinamos os cidadãos a fazer a manutenção dos produtos. Eles podem ter uma ideia geral.” A partir daí, cria-se um projeto concreto para todo o país.

O ALLA chega ao Brasil em uma hora propícia. Recentemente, o governo federal assinou o compromisso de expandir o uso de fontes renováveis em sua matriz energética de 28% para 33% até 2030. Na África, o projeto já opera em 15 países, com previsão para 25 até 2016. São mais de 1 milhão de casas em 480 cidades e vilarejos, além de 100.000 postes públicos e 200.000 kits domésticos.

Implementação de tecnologia de energia solar em um poste de luz em Guiné (Divulgação)

De acordo com Hasani Damazio, sócio da iniciativa na América Latina, o grupo deve voltar ao Brasil em março, ocasião em que também visitará a Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru, e, caso as negociações avancem, será só uma questão de logística para dar início aos projetos. “A partir do momento em que fecharmos o acordo, conseguimos implementá-lo em cerca de quatro meses.”

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Recém-chegados de Paris, onde participaram da Conferência do Clima da ONU (COP21), Akon e seus sócios embarcam na manhã desta terça-feira (8) para o Rio de Janeiro para conversar com o governador Luiz Fernando Pezão. Na viagem de quatro dias ao Brasil, eles devem passar ainda por Salvador, onde conversarão com o também governador Rui Costa, e pelo Distrito Federal, para apresentar seus planos ao Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Altino Ventura.