Metido a inventor, desmontou uma velha tábua de passar roupas para improvisar sua própria versão do estranho “barco de madeira” da revista: criava então um esboço da primeira das milhares de pranchas que produziria na vida. Apenas alguns anos depois, morando em Santos (SP), viu uma prancha de verdade. E quando finalmente ganhou a sua, ficou desapontado: “Não era exatamente como eu imaginava”.
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A Tropical Brasil nasceu em 1981, em Florianópolis, onde Bastos foi morar para cursar faculdade. “A ideia era fazer um produto original, brasileiro”, conta. Na largada, uma aposta foi fornecer suas pranchas a jovens surfistas em campeonatos. “Virei um coach.” A estratégia foi premiada com uma maré de sorte: os atletas patrocinados venceram vários torneios e garantiram fama instantânea à marca. Nesta safra, estavam Teco Padaratz, que conquistou dois títulos mundiais, e David Husadel, ídolo catarinense do surfe.
Padaratz e Husadel, aliás, vieram a se tornar sócios da Tropical nos anos 1990, época em que a empresa começou a diversificar, estampando roupas, cosméticos, óculos e acessórios, por licenciamento. Chegou a ter mais de 400 itens.
Apesar de representarem grossa fatia do faturamento, os produtos diversificados quase fizeram a empresa morrer na praia. “Moda é um negócio complexo, de risco. Descobri isso perdendo muito dinheiro”, admite o empresário.
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Hoje, Bastos novamente se dedica a ser o que era nos primórdios: o designer e o pensador da marca. Está focado em desenvolver novas formas de produzir em escala pranchas mais funcionais e mais baratas, mantendo o toque artesanal e customizado do artigo, mas com “muita tecnologia em cima”.
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Com cerca de 100 mil pranchas produzidas — algumas delas pelas próprias mãos —, o dono da Tropical Brasil e seu sócio, o amigo da juventude Nelson Mendes, 55, planejam a construção de uma nova fábrica. A unidade deve ser instalada no Estado de Santa Catarina, mas não em Florianópolis, onde a empresa nasceu, cresceu e apareceu. Bastos vai buscar outra praia — não necessariamente perto do mar.