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Se Vega não tivesse fundado o negócio no Brasil, seu sucesso o tornaria uma figura de destaque entre os maiores do ramo. Desde o lançamento, em 2011, a CargoX cresceu e se tornou uma das dez maiores companhias do mercado de caminhões do país e a terceira maior do mundo, com 2,6 milhões de veículos na estrada. Quando uma empresa como a Unilever precisa mover uma carga inesperada no país, ela pode reservar motoristas por meio do aplicativo da CargoX. A startup se responsabiliza pelo transporte, pelos riscos e pelo seguro. Em troca, recebe uma parcela de 15%.
Os laços de Vega com o Brasil não são naturais, mas o fundador da companhia tem o hábito de aceitar novos desafios e localidades. Quando era um jovem estudante, mudou de uma pequena cidade na Patagônia para a capital da Argentina, Buenos Aires, viajando cerca de 1.450 km de bicicleta. Depois, foi para a Espanha e, novamente de bicicleta, seguiu para a Inglaterra, onde conseguiu um emprego em Norwich para consertar esse tipo de veículo. Por lá, conquistou um diploma de pós-graduação na Universidade de Southampton. Depois de trabalhar por três anos no JP Morgan, decidiu começar um negócio de mudança de pequenas casas. O chefe de Vega disse que investiria o mesmo valor que ele. Motivado, o empresário vendeu seu apartamento em Londres para cuidar do projeto.
Quando o negócio evoluiu para a CargoX, Vega percebeu que a oportunidade de mercado na América Latina estava no Brasil, mas os investidores brasileiros ignoraram o argentino por causa da crise econômica. O empreendedor começou, então, a visitar Nova York para atrair investidores, e acabou seduzindo o Grupo Valor Capital e do cofundador do Uber, Oscar Salazar. Com o impulso de Salazar, Vega foi introduzido ao que era uma startup capaz de fornecer um serviço semelhante ao Uber, uma espécie de transporte de carga compartilhado. O diferencial da CargoX é que ele pode oferecer maior eficiência para os próprios caminhoneiros, que dirigem os veículos vazios 40% do tempo, explica Vega. Para a empresa contratante, a oferta é de flexibilidade, ou seja, escalar mais ou menos caminhões, de acordo com a necessidade.
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“O mercado caminhoneiro do Brasil representa uma oportunidade multibilionária e acreditamos que a tecnologia excepcional da CargoX, combinada com um time de execução forte, pode aumentar a eficiência dos motoristas de caminhão e dos remetentes”, disse a Goldman Sachs em um pronunciamento sobre o investimento. “A CargoX teve um crescimento impressionante desde o nosso investimento original em 2016, e estamos animados sobre o potencial de incremento no futuro.”
Apesar da esperança da startup de se tornar uma das cinco maiores operadoras de caminhão no Brasil nos próximos meses, diz Vega, a companhia ainda controla menos de 3% do mercado, o que significa que tem um longo caminho pela frente. O empresário vê isso de forma positiva: com apenas esse nível de penetração, a CargoX conseguiu quase que duplicar sua receita anual, de US$ 115 milhões para US$ 200 milhões no último ano. Se a companhia continuar a crescer dessa maneira, o valor pode chegar a US$ 1 bilhão em 2021.
Existe uma competição muito mais feroz à espreita caso a Cargo X vá para os EUA no futuro, onde os investidores operam. A grande oportunidade para startups que chegam ao setor caminhoneiro não é segredo no Vale do Silício.
Vega diz que, tipicamente, uma ou duas startups se diferenciam em cada grande mercado globalmente, mas a competição internacional ainda vai demorar anos. A CargoX planeja entrar em outros mercados da América Latina neste ano, mas não espera chegar aos Estados Unidos tão cedo. “O Brasil já é complexo e complicado demais… Ir para os EUA seria difícil”, diz ele.
Agora, o foco da companhia está na contratação – assim como no Vale do Silício, mas, por razões diferentes, talentos de engenharia são difíceis de encontrar no país. “Contratar é a minha grande prioridade”, diz o empreendedor. Mas, em relação à qualidade do produto, Vega garante que a CargoX está no mesmo pé de igualdade que seus pares norte-americanos. “Isso pode ser surpreendente, mas não acho que as companhias dos EUA tenham uma tecnologia melhor”, diz. “Nós começamos primeiro.”