CEO que saiu da pobreza para liderar empresa de US$ 48 bi

17 de maio de 2018
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Arnold Donald é o CEO da Carnival Corp. há cinco anos

Palavras importam, uma vez que podem moldar a vida e a carreira de uma pessoa. Foi exatamente isso que aconteceu com Arnold Donald: uma mensagem o alçou da pobreza ao cargo de CEO da Carnival Corp., uma empresa de US$ 48 bilhões.

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Neste verão norte-americano, Arnold Donald comemora seu quinto ano à frente da maior empresa de viagens de lazer do mundo. Um de cada dois passageiros de cruzeiros marítimos viaja em uma das nove marcas que o executivo supervisiona. É uma realização surpreendente para qualquer padrão. Mas a história de Donald torna seu sucesso ainda mais impressionante.

Ele nasceu e cresceu na região pobre do distrito E de Nova Orleans. Quando chegou ao 7º ano, foi matriculado pelos pais em St. Augustine, uma escola masculina e totalmente negra – na época em que banheiros, bebedouros e salas de aula eram segregados. Donald diz que uma mensagem era transmitida pelo sistema de som da escola três vezes ao dia – antes da primeira aula, na hora do almoço e antes de os meninos irem para casa: “Cavalheiros, preparem-se. Vocês vão liderar o mundo”. E essas sete palavras mudaram a vida de Donald.

“Eles nos diziam isso três vezes ao dia. Três vezes ao dia”, lembra o CEO. “Pense da seguinte maneira: a sociedade dizia aos negros o que não podiam fazer. Você não pode beber desta água. Você não pode usar este banheiro. Você não pode, você não pode… Enquanto isso, a escola queria convencer os alunos de que poderiam ser o que quisessem.”

Três vezes ao dia. Todos os dias. A mensagem começou a se firmar. Começou a anular a mensagem que Donald ouvia do mundo exterior. No primeiro ano do ensino médio, ele internalizou a mensagem de capacitação e fez dela sua missão de vida.

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“Com 16 anos, decidi que seria gerente geral de uma companhia global da Fortune 50, voltada para a ciência”, lembra. Embora seus pais não tivessem concluído o ensino médio, acreditavam na educação e apoiavam a ambição do filho. Donald traçou um plano que incluía três fases e, aos 32 anos, alcançou seus objetivos e foi nomeado gerente geral da Monsanto, onde passou 20 anos de sua carreira.

O interessante nos líderes é que eles costumam falar abertamente sobre suas experiências, a exemplo de Howard Schultz, que já contou publicamente como foi crescer pobre em um projeto habitacional do Brooklyn, e de Richard Branson, que discorreu mais de uma vez sobre a luta contra a dislexia e sua expulsão da escola. Mas o que inspira essas pessoas a fazerem isso?

Donald diz que essa é uma atitude importante por causa do que as bagagens pessoais são capazes de proporcionar. “Somos todos produtos das nossas experiências, porque elas moldam quem somos e como pensamos. É parte do tecido que forma a identidade. Ou você cresce a partir das experiência ou elas o destroem. As minhas me tornaram mais forte e, de certa forma, mais tolerante e confiante.”

Um defensor da diversidade de pensamento

As experiências de Donald moldaram sua carreira e a maneira como ele lidera a Carnival Corporation. O CEO defende, por exemplo, o que chama de “diversidade de pensamento”. “A única maneira de as empresas prosperarem com o tempo é por meio da inovação”, diz. “Inovação, por definição, é pensar fora da caixa. Se você reunir pessoas de diferentes origens e experiências culturais, organizadas em torno de um objetivo comum, é muito provável que consiga criar soluções mais inovadoras do que com um grupo homogêneo.”

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Em seus primeiros três anos como CEO, Donald substituiu sete dos nove líderes das marcas da Carnival. Quatro deles são, atualmente, mulheres, incluindo Christine Duffy, presidente da Carnival Cruise Line (a maior linha de cruzeiros do mundo), e Jan Swartz, presidente do Princess Cruises. Donald também trouxe Orlando Ashford para dirigir a Holland America. Ashford é o primeiro presidente afro-americano de uma linha de cruzeiros e sua formação é em recursos humanos, não em turismo – o que traz uma perspectiva diferente para uma empresa que valoriza as pessoas como seu ativo mais importante. Para Donald, “a diversidade de pensamento é um imperativo comercial e uma vantagem poderosa”.

E essa vantagem impulsionou os resultados da Carnival Corp.. Ao longo de seu mandato de cinco anos como CEO, o valor de mercado da empresa cresceu quase 78%, para US$ 48 bilhões. Em um artigo a ser publicado, o executivo vai compartilhar as lições aprendidas sobre comunicação de liderança, satisfação dos funcionários e fidelidade do cliente.

Donald acredita que você pode o que quiser se programar sua mente para isso, tiver confiança e seguir um plano. “Não é assim tão fácil, mas é muito simples”, diz ele.