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A carreira da modelo começou quando ela tinha apenas 14 anos e foi descoberta quando voltava da escola, em Londres. Já em seu primeiro trabalho, aos 17 anos, ela foi contratada pela Marc Jacobs como modelo de passarela e, poucos meses depois, estava desfilando para marcas como Moschino, Tom Ford, Chloe, Yeezy e Fenty Puma. Sua carreira progrediu ainda mais em 2015, quando, depois de três tentativas, foi contratada para o concorrido casting da Victoria’s Secret. Ela também se tornou um dos rostos mais conhecidos da marca de maquiagem Fenty Beauty, da cantora pop Rihanna. E, durante todo esse tempo, a modelo manteve uma forte presença nas mídias sociais.
A modelo é apaixonada por questões feministas e faz bastante uso de seu lugar de fala. Ela conversa com jovens meninas em escolas, oferecendo conselhos e insights sobre uma série de questões relevantes para pessoas como ela. Ela fez seu próprio TEDTalk e falou nas universidades de Oxford e Cambridge. Depois de alguns desses eventos, ela percebeu que muitas mulheres tinham dúvidas sobre questões cujas respostas deveriam estar amplamente disponíveis. Assim, foi criado o LAPP (Leomie Anderson, o Propósito do Projeto, da sigla em português), uma plataforma para que mulheres como ela pudessem compartilhar suas histórias, perspectivas e conselhos de vida em geral.
Ao navegar pelo blog, é possível identificar uma forma organizada de discutir inúmeros temas, incluindo relacionamentos, sexo e saúde mental, fornecidos de uma maneira que incorpora a cultura popular e com uma linguagem que atinja a geração atual.
É uma missão um tanto quanto ambiciosa manter uma carreira bem-sucedida como modelo internacional ao mesmo tempo em que administra outros negócios, mas Leomie faz com que pareça fácil. Ela admite, no entanto, que não é. Nos primeiros dias da plataforma, o sono e as férias ocuparam uma posição secundária na vida da modelo, que fica acordada escrevendo posts, editando fotos e respondendo e-mails. Leomie diz que era importante definir claramente o tom e a direção do blog antes de entregar qualquer coisa a outra pessoa. Hoje, ele conta com a participação de 12 principais colaboradores e uma série de outros, que começaram como leitores, e a quem Leomie dá o crédito pelo excelente conteúdo.
Com o crescimento do LAPP, Leomie buscou uma maneira sustentável de financiar a plataforma – um empreendimento no qual ela pudesse engajar sua paixão por ativismo social e moda. Ela então fundou a LAPP the Brand, que fornece uma quantidade significativa de seus lucros para o financiamento do blog. “A moda é uma linguagem universal e é a plataforma perfeita para divulgar mensagens tanto online, quanto offline”, afirma.
Leomie trabalhou incansavelmente e investiu muita energia em desenvolver e terceirizar tecidos, executar operações e gerenciar a parte logística. Ela desenvolveu uma linha completa de roupas esportivas de luxo, que podem ser usadas para a prática de exercícios ou simplesmente como itens de moda. Logo depois do lançamento, Leomie percebeu que ter seguidores não significa, necessariamente, concretizar vendas. Precisou de uma série de inovações e aprendeu com os erros até, finalmente, acertar as coisas. Conta que, na época, era completamente normal para ela cuidar dos clientes ou de questões logísticas durante uma sessão de fotos. Ironicamente, sua agenda internacional facilitou a comunicação com fornecedores na Ásia.
A grande oportunidade surgiu em janeiro de 2017, quando um de seus modelos de moletons, com a frase “This Pussy Grabs Back!”, foi usado por Rihanna durante a Marcha das Mulheres em Nova York. A postagem no Instagram com o capuz rosa bebê na conta oficial da cantora recebeu 1,3 milhão de curtidas. Como o incremento nas vendas, Leomie levou as coisas adiante e lançou outras coleções. Hoje, tem também uma linha de bolsas.
Leomie também tem sido usada como exemplo de diversidade no mundo da moda. Ela está orgulhosa do quão longe conseguiu chegar, com modelos, atores e músicos negros finalmente recebendo a tão necessária atenção e cobertura da imprensa. Apenas neste mês, Jourdan Dunn e seus amigos apareceram na capa da “Elle” britânica. No entanto, ela ainda testemunha e experimenta a discriminação como uma modelo negra, como, por exemplo, ser dispensada de um programa porque seus produtores queriam “apenas um participante negro” ou ter de lidar com a falta de estilistas que possam trabalhar com o seu estilo de cabelo e maquiagem. Um ponto que ela insiste em tocar é de que não devemos nos tornar complacentes com o progresso já obtido. E diz que espera que o atual momento de mudança seja genuíno.
No final do nosso encontro, perguntei a Leomie onde ela se vê em uma ou duas décadas. Ela diz que “o LAPP pode mudar a vida de muitas mulheres,além de oferecer acesso a muito mais informações”. E enfatiza que quer usar a plataforma para “conectar-se e ajudar o máximo de mulheres que puder, sendo autêntica”.
Mais tarde, enquanto revisava minhas anotações para escrever este artigo, descobri que uma palavra escrita na parte superior do meu bloco de anotações em letras maiúsculas: “REAL”. Acho que essa é a melhor maneira de descrever Leomie. Sua autenticidade é inspiradora e é por isso que ela terá sucesso em um mundo onde a vida “real” está cada vez mais ausente.