- Em vídeo gravado antes de sua prisão, Carlos Ghosn acusou a administração da Nissan de traição e conspiração;
- No depoimento, divulgado por seu advogado para jornalistas japoneses, executivo afirma ser inocente;
- A Nissan se recusou a comentar sobre o processo criminal, mas um porta-voz afirmou que uma investigação interna “descobriu evidências de conduta antiética”.
Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan Motor, acusou a administração da empresa de “traição” e de uma “conspiração” que levou à sua prisão e expulsão. A declaração foi divulgada para a imprensa por meio de um vídeo gravado antes da nova prisão do executivo na última quinta-feira (4).
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Ghosn cumpriu 108 dias e foi solto sob fiança. Na semana passada, foi preso novamente por autoridades japonesas, que alegaram desvio de fundos da empresa para o executivo.
Promotores dizem que ele usou fundos da Nissan para comprar um iate e investir em uma startup de São Francisco, criada por seu filho. Além disso, Ghosn foi acusado de enriquecer por meio de uma série de negócios complexos com parceiros em Omã, Arábia Saudita e Líbano, local onde nasceu e ainda é visto como um líder bem-sucedido globalmente.
Ontem (8), acionistas da Nissan votaram para removê-lo do conselho de diretores e substituí-lo por Jean-Dominique Senard, presidente da Renault SA.
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No vídeo de sete minutos apresentado pelo advogado de Ghosn, Junichiro Hironaka, para um grupo de repórteres em Tóquio, o executivo fez seus primeiros comentários públicos desde sua primeira prisão. Hironaka omitiu nomes de executivos específicos da Nissan que seu cliente considera terem participado da suposta conspiração.
“A primeira coisa que quero dizer é que sou inocente”, diz Ghosn no vídeo, com uma fala calma, mais magro e ostentando cabelos mais grisalhos do que em sua última aparição pública. O vídeo retrata o executivo de 65 anos como vítima de traição das empresas e de um sistema japonês injusto. “Não é sobre ganância, não é sobre ditadura”, acrescenta Ghosn. “Isso é uma conspiração. Estou sendo esfaqueado pelas costas.”
Na semana passada, a esposa de Ghosn, Carole, fugiu do Japão para Paris, declarando a uma repórter francesa que se sentia em perigo depois que autoridades japonesas confiscaram seu passaporte libanês.
A Nissan se recusou a comentar detalhes do processo criminal contra Ghosn, mas o porta-voz Nicholas Maxfield disse que uma investigação interna “descobriu evidências substanciais de conduta descaradamente antiética”. “A empresa continua focando em abordar pontos fracos na governança que permitiram essa má conduta”, completou.
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“O problema da Nissan é que os dias de glória ficaram bem no passado”, disse Robert Medd, analista da Bucephalus Research, à “CNBC”. “Nos últimos três ou quatro anos, as vendas têm passado por uma crise catastrófica.” Em seguida, referindo-se aos parceiros da aliança, Medd comparou a Nissan e a Renault com “dois dinossauros que estão no caminho errado de uma indústria em constante mudança”.
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