- O empresário tem em seu portfólio os jogos “Sekigahara: The Unification of Japan” e “Tin Goose”;
- A Appian, empresa de software do também game designer, foi lançada em 2017 e vale US$ 2,1 bilhões;
- Assim como nos jogos, Calkins desenvolve seus softwares para que eles sejam fáceis de entender e usar.
“Eu sinto que deveria me desculpar”, diz Matt Calkins ao seu adversário enquanto apertam as mãos. É meio da noite na lanchonete do Seven Springs Mountain Resort. Calkins acaba de fazer uma jogada decisiva no tabuleiro Sekigahara. Seu adversário balança a cabeça, sugerindo que o adversário venceu graças à sorte. “Você usou uma armadilha”, diz ele.
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O evento Seven Springs, em julho, atraiu 1,7 mil jogadores nas Montanhas Allegheny, sudoeste da Pensilvânia, para competir em 185 jogos. Calkins não era apenas um jogador, ele criou dois desses jogos: “Sekigahara”, que recria a decisiva batalha de shogunate no Japão, e “Tin Goose”, que desafia os jogadores a construírem uma das primeiras companhias aéreas comerciais.
E há, ainda, uma outra vida. Calkins, de 46 anos, cofundou a Appian há 20 anos; Inicialmente, ele criou ferramentas de software, como um portal de intranet para o exército dos EUA. Desde 2004, a empresa vem lidando com o problema de tornar a digitalização menos intensiva em codificação para os programadores. Com o software da Appian, um cliente corporativo pode criar seus próprios aplicativos (como, por exemplo, um que possibilite aos usuários de um banco verificarem seus saldos ou outro para uma agência do governo lidar com pagamentos) a um custo menor do que se criassem por conta própria.
O que isso tem a ver com o design de jogos? Ambos envolvem quebrar cada grande conceito ou regra para sua mecânica mais simples. “Eu gosto de entender as coisas complicadas e torná-las compreensíveis”, afirma Calkins.
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Em 1999, Calkins e três amigos se encontraram para ensinar um ao outro a codificar idiomas. Ele deixou a MicroStrategy naquele ano para lançar a Appian em conjunto com eles. “Eu pensei: ‘Eu posso fazer isso’”, diz Calkins. “O excesso de confiança ajudou.”
Outras startups cresceram depois de levantar grandes somas de capitalistas de risco e, em seguida, dispararam com a mesma rapidez. Calkins foi quem deu o primeiro passo. A Appian não buscaria grandes financiamentos externos até 2008, quando arrecadou US$ 10 milhões, seguido por uma rodada de US$ 36 milhões liderada pela empresa de capital de risco NEA, em 2014.
A demanda pelo produto da empresa cresceu à medida que mais empresas perceberam que os clientes esperavam a mesma experiência simplificada de seus aplicativos favoritos para smartphones. As vendas e suas ações, quase o triplo do preço do IPO, dispararam – embora não em lucros. Como muitas empresas de software de serviço, a Appian ainda funciona com prejuízo para suportar o aumento de marketing e pesquisa e desenvolvimento.
Enquanto gerenciava a empresa em crescimento, Calkins manteve seus jogos de tabuleiro competitivos. Ele coletou 700 deles e os disseca para os seus mecânicos. Por quase duas décadas, ele tem sido assíduo no Campeonato Mundial de Jogos de Tabuleiro.
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Um dos concorrentes da Appian é a Pegasystems, de Boston. A empresa é dirigida por Alan Trefler, também bilionário do Dartmouth que, não surpreendentemente, dividiu o título do mundial de xadrez em 1975. Jogar exige que você aprimore suas habilidades de reconhecimento de padrões e avaliação profunda e desenvolva um sexto sentido para erros, diz Trefler. “Se você perder a concentração, você morre. E isso acontece de verdade nos negócios”, diz.
A criação de jogos de tabuleiro força Calkins a extrair narrativas históricas e centenas de escolhas de características em um conjunto coerente de regras. O resultado também deve ser divertido – seus amigos avaliavam as primeiras versões de “Sekigahara” como entediantes e excessivamente complexas. O fluxo de trabalho das necessidades de um cliente da Appian requer um processo semelhante.
Os mundos de jogos e software se cruzam na Appian, que possui sua própria biblioteca de versões de tabuleiro. Os funcionários são convidados mensalmente para as noites de jogatinas na casa de Calkins. Todos os 42 estagiários compareceram a uma sessão no ano passado. “Eles querem tentar ganhar jogos contra o chefe”, diz David Metzger, vice-presidente de talentos da empresa, que fez amizade com Calkins nos campeonatos de jogos de tabuleiro e depois se juntou à companhia. “Mas não obtiveram muito sucesso na missão.”
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Entre junho e agosto, Calkins voltará a competir em Seven Springs, em busca de repetir seu desempenho de 2018, quando venceu duas categorias e terminou em 7o no ranking geral. Ele não se incomoda com a atenção e diz que planeja resolver problemas em ambos os ambientes por um longo tempo. “Você é o que você fez no seu último jogo”, diz ele. “Não nos diga quem você é. Apenas sente e mostre.”