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Por outro lado, eles são oito vezes menores. Isso porque a empresa de Copeman, a Amalgam Collection, é especializada em montar meticulosas miniaturas de automóveis antigos e modernos. Aliás, quando não há uma referência visual que revele o tamanho relativo, muitas vezes é difícil distinguir as pequenas obras-primas feitas pela Amalgam dos carros reais. “Esse é o objetivo”, diz o fundador, de 65 anos. “Se você tira uma fotografia em alta resolução e as pessoas não têm ideia se estão olhando para um modelo ou para o carro real, é sinal de que fizemos nosso trabalho.”
O interesse de Copeman em montar coisas bacanas surgiu na adolescência. Ele montou um telescópio refletor aos 14 anos de idade, bem como duas guitarras elétricas. Uma de suas maiores paixões era modificar e pilotar pequenas motos. “Eu tirava toda a parte de aço delas e as transformava em máquinas delgadas e iradas, e depois as pilotava no jardim dos meus pais, em Londres”, recorda, rindo.
Após abandonar os estudos aos 17 anos, Copeman virou meio que um nômade: “Fui um jovem hippie e viajei pela Europa e Norte da África. É o que qualquer pessoa com um senso de aventura buscava fazer na época”. Acabou se estabelecendo em Somerset, na Inglaterra, em uma colônia de artistas chamada Nettlecombe Studios, fundada pelo pintor e gravurista britânico John Wolseley. Lá descobriu sua vocação de fabricante de minimodelos quando um escritório de arquitetura pediu-lhe para criar edifícios e vilarejos em escala reduzida.
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A Amalgam começou a criar modelos de carros para as escuderias da Fórmula 1 em 1995, depois de abordar a Jordan, uma construtora que estava começando na categoria. “Foi a cristalização de uma paixão pelo automobilismo que eu e vários membros da nossa equipe tínhamos, especialmente pela Fórmula 1”, diz Copeman. Quando criança, ele era fã de Jim Clark, um dos maiores pilotos de todos os tempos, e, aos 15 anos, era um entusiasmado piloto de autorama. “Minha paixão pela F-1 dos anos 60 – e pelo design de carros em geral – estava só esperando para encontrar um meio de expressão”, comenta. “Tivemos a oportunidade de fazer um primeiro modelo sob licença [o Jordan 196], depois fechamos contrato com a Williams em 1996 e, finalmente, com a Ferrari em 1998.”
Em 2004, a Amalgam se subdividiu em duas entidades: a Modelmakers e a Fine Model Cars; uma equipe fazia maquetes de arquitetura únicas, enquanto a outra produzia dezenas de carros em miniatura. “Eu tinha a ambição de criar uma marca que fabricasse os melhores modelos de carros do mundo”, diz Copeman. “Isso envolvia um certo grau de risco e uma missão não compartilhada com meus sócios.” No entanto, as duas empresas ainda mantêm uma forte ligação entre si. “Nós funcionamos no mesmo prédio por muitos anos e hoje continuamos sendo bons amigos.” Mas Copeman não tem participação financeira na empresa original. “Nós temos a propriedade conjunta de nossa oficina original”, acrescenta.
De 2006 a 2007, o então presidente da Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo, encomendou à Amalgam miniaturas de estrada atuais e clássicas. “Começamos pela 250TR, e não pela GTO”, explica Copeman. Levou algum tempo, mas a Lamborghini, a McLaren e outras montadoras também acabaram querendo modelos de seus veículos.
Foi aí que os negócios decolaram de vez. Hoje, a empresa, que Copeman rebatizou de Amalgam Collection em 2016, fatura cerca de US$ 10 milhões por ano com a montagem de mais de 500 modelos por mês, a preços que variam de US$ 685 a US$ 150 mil, dependendo do tamanho e do nível de detalhamento. Ela emprega mais de 200 pessoas e tem fábricas nas proximidades de Bristol, em Chang An, na China, e em Pécs, na Hungria. “Nós gerenciamos o design e a usinagem dos modelos em Bristol”, diz Copeman, “mas a maioria dos modelos é confeccionada na China e na Hungria. Também estamos produzindo cada vez mais modelos únicos e fazendo projetos especiais fora de Bristol.”
Como um modelo vai do conceito até a forma acabada? No caso dos carros mais novos, a equipe da Amalgam trabalha com base em desenhos CAD originais, obtidos dos fabricantes, para produzir desenhos minuciosamente precisos de cada peça do carro. “[Usando os dados do CAD], todas as peças se encaixam e se conectam de uma maneira boa, sólida e bem projetada”, afirma.
Uma vez definido o design, ele é reduzido meticulosamente para dar vida aos detalhes em miniatura. São feitos moldes das peças individuais, e são usados metal, fibra de carbono ou borracha para criar cada parte do quebra-cabeça, enquanto algumas são produzidas por impressoras 3D.
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Depois de moldadas, as peças são lavadas, limpas e lixadas. Em seguida, cada conjunto de peças passa por um processo de acabamento e ajuste para assegurar que se encaixem perfeitamente. Então, os modelos são preparados, pintados com spray e polidos. São aplicados decalques e acabamentos impressos. Aí, são construídos subconjuntos, como motores, cubos de roda e suspensões, e logo vem a montagem final. “Cerca de 90% das habilidades que usamos são bem tradicionais”, diz o artista sobre o processo, que ele compara à alta relojoaria e que é feito à mão, em grande medida. “Dez por cento delas são modernas.”
A clientela de elite da Amalgam ainda é composta por equipes, pilotos e gestores da Fórmula 1, mas inclui também colecionadores famosos. Sylvester Stallone comprou uma edição limitada, em escala 1:8, da Ferrari da era Michael Schumacher na F-1, no início dos anos 2000. Ralph Lauren encomendou 17 modelos de carros de sua coleção enquanto eles estavam em exposição no Musée des Arts Décoratifs de Paris, inclusive um Jaguar D-Type, como o modelo cuja barbatana de tubarão abriu uma trilha vitoriosa em Le Mans em 1955, 1956 e 1957. O relojoeiro suíço Richard Mille encomendou vários modelos em escala 1:5 de carros de sua coleção, que contém alguns dos carros de corrida vintage mais raros e importantes, como o primeiro carro de Fórmula 1 de Bruce McLaren (o M2B de 1966) e a Ferrari 312B, que venceu o Grande Prêmio da Itália de 1970 e foi pilotada por Mario Andretti.
Surpreendentemente, o próprio Copeman não coleciona carros. Para ele, tudo gira em torno da experiência pessoal de pilotar ou dirigir. “Ao longo do tempo, eu tive alguns veículos menos importantes, mas interessantes, como um MG Magnette da década de 1950, e fiz algumas pilotagens memoráveis, como a corrida de 250 km/h pela autoestrada M1 com um Sunbeam Tiger contra um Jaguar E-Type”, conta ele. “Mas tive muito mais motocicletas do que carros.” Sua condução diária é uma Mercedes CLS Shooting Brake: “Ela é um prazer, se você quiser pisar um pouco”. Além disso, ele pode montar qualquer carro que deseje – basta sonhar pequeno.
Reportagem publicada na edição 68, lançada em junho de 2019
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